“Deixo as telas me desafiando. Fico olhando e trabalhando na cabeça. Impressionante como a tela branca tem perguntas!” Carlos Zilio
31 anos de dedicação engajada à pintura
A obra de Carlos Zilio, desde a década de 1970, busca investigar possibilidades no campo pictórico. Zilio emerge no cenário artístico brasileiro nos anos 1960, período marcado pela ditadura militar. Após ingressar no Instituto de Belas Artes da Guanabara, no Rio de Janeiro e iniciar estudos de pintura com Iberê Camargo, adere às questões da nova figuração e ao mesmo tempo aprofunda o comprometimento com o movimento estudantil. A partir de então sua produção adquire caráter de denúncia social em um esforço de integrar arte e política.
Em março de 1970, é ferido a bala e preso em confronto com a polícia, sendo colocado em liberdade dois anos depois. Mesmo na cadeia, não pára de produzir e inicia uma série de desenhos e de pinturas em pratos que evocam a violência vivida.
Carlos Zilio participa da criação da revista Malasartes, e em 1976, em razão da perseguição pela ditadura militar então em vigor no Brasil, viaja para Paris, onde, em 1980, conclui doutorado em artes na Universidade de Paris VIII. No mesmo ano volta ao Brasil, e desde então participou de inúmeras mostras coletivas e fez diversas individuais.
Em 1978, decide dedicar-se unicamente à pintura
Hoje, 31 anos depois dessa decisão, o engajamento de Carlos Zilio está na pesquisa poética de sua pintura. ?Já tive a experiência da política, já passei por isso?, diz ele. Zílio ressalta a importância de ter assistido a duas exposições em Paris, uma retrospectiva de Cézanne, e outra sobre Jasper Johns, na década de 1970. ?O artista conversa com outros artistas através do tempo?, observa.
Iberê – Professor e amigo
No começo dos anos 1990, Zilio estava num momento difícil. ?Vivíamos sob uma inflação louca, eu estava quase indo para debaixo da ponte? conta. Numa passagem do Iberê Camargo pelo Rio de Janeiro, Zílio comenta sobre sua situação com o professor e amigo, e Iberê ? que morava em Porto Alegre na época ? o convida para ocupar seu ateliê no Rio. A única exigência dele era que pudesse trabalhar no ateliê quando estivesse na cidade. Isso nunca aconteceu. Iberê não trabalhou mais no ateliê e só ia até lá para visitar Zilio. Ainda hoje Carlos Zilio mantém seu ateliê no local.
Entre as exposições de Zilio estão: ?Arte e Política 1966 – 1976?, nos Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de São Paulo e da Bahia, em 1996 e 1997; ?Carlos Zilio?, no Centro de Arte Helio Oiticica (Rio de Janeiro, 2000), que abrangeu sua produção dos anos 90; e ?Pinturas sobre papel?, no Paço Imperial (Rio de Janeiro, 2005) e na Estação Pinacoteca (São Paulo, 2006).
O artista plástico Carlos Zilio abre dia 16 de setembro de 2008, exposição no Gabinete de Arte Raquel Arnaud, em São Paulo. Com texto de apresentação de Paulo Sérgio Duarte, esta nova exposição será composta por cerca de dez pinturas de formato médio, seis desenhos e quatro objetos.
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