Associações e Campanhas

Com o objetivo de para o aprimoramento da carreira de cada um, descrevo no texto abaixo a minha relação e objetivos com este assunto. Assim, espero que todos aqueles que não me conhecem ou não têm idéia da minha real intenção possam entender as questões aqui apresentadas…

Há algum tempo, coloquei uma frase no meu finado blog que costumo usar para me policiar: “se eu faço o que sempre fiz, só consigo o que sempre consegui”. Usando esta frase como motivação, comecei a pensar sobre o que eu estava fazendo em prol da minha profissão e do meu futuro. Então, conclui que era hora de fazer algo a mais.

Então, em primeiro lugar pensei em ajudar os amigos, e assim colher algo em troca: ver o coletivo. E assim que lancei a proposta entre eles, iniciei um trabalho de pesquisa para me preparar melhor para o crescimento do movimento. Afinal, por mais que eu não trabalhe como designer há certo tempo, nunca deixei de acompanhar o que estava acontecendo com os colegas que ainda atuam na área.

Os problemas da nossa profissão são iguais em todos os lugares: falta de oportunidade, concorrência de “não-designers”, tipos de concorrência ,como por exemplo a apresentação do projeto e não do orçamento (que o mercado adquiriu, pela falta de uma atuação única da classe), entre outros.

E partindo do princípio que unidos venceremos, acredito que a melhor maneira de iniciar uma reação seria organizar encontros periódicos de profissionais e estudantes, não para discutir os problemas, todo mundo já sabe quais são, mas discutir as soluções. Não precisa ser um lugar físico. Este blog é um bom exemplo disso.

Encontros desse tipo criam idéias e oportunidades, que por sua vez geram soluções, formando uma cadeia produtiva da qual uma nova realidade surgirá. E fazer isso de forma organizada é o Ideal.

Mas do ideal para o real, necessita-se de muito comprometimento e paciência.

Principalmente quando aparecerem divergências. É nessa hora que devemos continuar discutindo até todos estarem devidamente convencidos que a ação acertada é a melhor a se tomar.

Temos que inovar. Coletar informações de alta qualidade, nos ajustando às transformações e sendo sensíveis às mudanças. Precisamos usar a criatividade em busca de idéias sem ficarmos presos a exemplos anteriores. Cada local possui sua própria realidade. Não podemos nos deixar intimidar com as poucas possibilidades que aparecerão.

É preciso educar o profissional e estimular a sua capacidade empreendedora, e associações, como trabalhos conjuntos e grupos de discussão, têm um papel importante nesse contexto. Primeiro, tais associações exercem um papel fundamental para o desenvolvimento e promoção do profissional. Segundo, associações desse tipo acabam tendo uma maior credibilidade perante a sociedade, pois em geral não possuem fins lucrativos e trabalham em pro do coletivo. Elas podem ter um local físico como ponto de encontro (embora não seja estritamente necessário), no qual se desenvolvem trabalhos de caráter social via workshops, unindo a experiência de profissionais mais experientes com a vontade de estudante e recém-formados.

Também é preciso inserir o estudante no mercado de trabalho. Orientá-los. Interferir no currículo das faculdades que estão defasadas ao mercado. Montar uma base de dados e referências relativos às nossas atividades. Elaborar uma programação de atividades periódicas, tais como cursos, palestras e workshops, dirigidas a estudantes, designers e a profissionais de áreas afins e convergentes.

A divulgação das ações tomadas pelas associações também é fundamental. As formas de divulgação podem ser simples (como boletins, sites, relatórios, atas, entre outros), mas devem ter abrangência, periodicidade e atualidade.

O ponto fundamental aqui é que não podemos ficar satisfeitos com a situação. Ações pequenas já são muito melhor que nada.

A realidade nos obriga a ter apoio de uma entidade (pois assim teríamos força e abrangência para regularizar o mercado) do fornecedor e do cliente consumidor da prestação dos serviços do designer. Dessa forma, a garantia de qualidade e eficiência profissional seria certificada. Neste ponto, a questão se resume à palavra credibilidade, ou seja, superar as expectativas do cliente, promovendo tranqüilidade e satisfação.

Em 1996 (sim, mas de uma década atrás), surgiu o Programa Brasileiro de Design (PBD), que tinha como objetivo qualificar a exportação nacional, visando tornar o produto nacional mais competitivo. Isso teve como conseqüência o surgimento de vários programas estaduais de design.

As ações provenientes foram conversas e ações que geraram discussões em diversos níveis. Essa atividade, além de ter possibilitado a identificação de um contingente de profissionais dispostos à “arregaçar as mangas”, de forma até ousada e contundente, sensibilizou as autoridades e a cadeia produtiva brasileira, no sentido de perceber a atividade de Design como economicamente necessária e estrategicamente indispensável.

Hoje, mesmo com enormes distorções e simplificações, o Design é uma atividade reconhecida como fundamental para quem procura qualificar seus produtos e torná-los mais competitivos. Empresários e executivos de marketing já sabem quando chamar um designer. Já conhecem a amplitude dos serviços que podemos prestar. O mercado percebeu a diferença.

Cabe a nós fazermos nossa parte para mantermos esta posição e corrigir as distorções.

Nós designers (principalmente os que estão começando como eu) não estamos nessa profissão porque ela nos dá muitas riquezas materiais, mas principalmente porque gostamos daquilo que estamos fazendo e essa ação, de se buscar discutir nossa posição e papel na sociedade, não privilegia somente a nós mesmos mas à classe de designers e ao nobre sentimento de criar e procurar soluções que melhoram a qualidade de vida de todos.

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