Entre tentar manter um blog de design e gravar um podcast sobre design, web design e novidades na internet, consegui falar com um amigo meu que estuda design furiosamente. Notei que em seu portfólio ele se chamava de “desenhador”. Curioso, decidi perguntar por que disto e ele prontamente me respondeu.
E depois da discussão enorme no post “A tênue linha entre o design e a arte“, tá na hora de um pouco mais de polêmica. O texto a seguir é da autoria dele (Luiz Canet) explicando por que “desenhador” é a forma brasileira de designer.
Segundo estudos lingüistas e etimológicos realizados pelo Professor Luiz Vidal Negreiros Gomes da UFSM com a ajudas de vários outros profissionais, Desenho é o termo correto na língua portuguesa para se referir ao que na língua inglesa é conhecido como Design. Portanto, Desenhista ou Desenhador (como eu prefiro), é o mesmo que Designer. O que ocorre, é que no decorrer do tempo, aqui no Brasil, houve uma mudança no sentido da palavra “desenho”, que passou a ser utilizada para definir o ato de delinear formas através do traço. Originalmente este ato deveria ser chamado de debuxo na língua portuguesa, assim como debujo em espanhol e draw em inglês.
Pessoalmente, eu prefiro utilizar termos na língua portuguesa como uma das atitudes que podem ajudar a valorizar a profissão. Pois eu penso assim: muitos designers reclamam que os clientes não entendem os procedimentos e a linguagem do design, mas isso ocorre porque os profissionais da área utilizam uma linguagem recheada de estrangeirismos que não está ao alcance das pessoas que não foram inseridas nessa linguagem. Vamos a um exemplo. Imagine a seguinte situação: o Desenhador (designer) vai falar com um cliente que nunca utilizou o serviço na área, mas quer que seja desenvolvida uma identidade visual para a sua empresa. Se o Desenhador disser que precisa do “briefing do job”, o cliente simplesmente perguntar: “Bife do Jóbi? O que é isso?”. Então o Desenhador teria que perder algum tempo para explicar o procedimento. E o cliente algum tempo para se acostumar com a linguagem. Em compensação se o Desenhador disser que precisa das instruções do trabalho, logo o cliente já estará ajudando dando todas as informações possíveis. Ou seja, por que os designers querem complicar se os desenhadores podem simplificar a vida do cliente? É começar a utilizar, desenho ao invés de design, instruções ao invés de briefing, trabalho ao invés de job, rascunho ao invés de rough, etc…
Bem… Posso estar parecendo um tanto radical. Mas como Desenhadores temos que pensar em como simplificar a vida das pessoas.
Esse assunto vai longe… Mas se você quiser mais informações, procure por Luiz Vidal Negreiros Gomes da UFSM. Ele tem vários livros sobre o que ele chama de Área do Desenhos. Muito interessante!!
Outra definição de “desenhista” dele é dada em uma citação no seu portfólio:
Ser desenhador é contribuir com o desenvolvimento da sociedade através de um trabalho que, envolve não apenas uma boa aplicação da técnica, mas também, uma visão crítica sobre tudo o que envolve a vida das pessoas. Desse modo, é possível desenhar objetos, sejam eles de comunicação visual ou produtos, que atendam as necessidades humanas, levando-se em consideração, aspectos econômicos, produtivos, ergonômicos, ambientais, comunicacionais, entre tantos outros. E isso tudo só é possível com uma incansável busca pela ampliação do conhecimento. Afinal, desenhar nada mais é do que dar forma ao mundo em que vivemos.
Então, tá na hora da gente mudar nossa linguagem designerística para o português brasileiro?