Este cartaz, aí em cima, foi feito para as eleições cubanas, recentemente.
Olhando fixamente para ele, fiquei pensando em várias coisas, caras para nós, designers:
- Até que ponto o pitoresco não “esbarra” no tosco?
- Qual o critério utilizado, subjetivamente, para o que é belo?
- A cultura popular, enquanto autora de designs, sempre tem valor estético relevante?
Porém, a pergunta que mais me incomodou: até que ponto a qualidade do design reflete o padrão de vida e a cultura de um povo?
Não é novidade para ninguém que Cuba passa por sérias crises internas, que seu povo é muito pobre, que é conduzido com rédeas curtas. Sabemos das investidas de muitos cubanos em fugas cinematográficas, rumo ao mundo capitalista, livre, democrático, injusto, sujo; mais gostoso, principalmente para quem tem seu espaço garantido no topo da “pirâmide social”.
Ao mesmo tempo, vemos, aqui, no Brasil, um design muito competente, de alto nível, competindo com os maiores países do mundo… Apesar de toda nossa condição precária iminente, algumas camadas da população, sempre ligadas nas tendências e com condições de estudo privilegiadas, aproveitaram toda a escancarada abertura que temos com o exterior para ter contato comas mais modernas tendências de design. Alguns, criativíssimos, misturaram referências culturais brasileiras em seus trabalhos, obtendo primorosos resultados.
Então, talvez, o design tenha qualidade por ter sido desenvolvido por pessoas mais “cosmopolitas” que brasileiras (algo, aliás, considerado, por muitos, uma característica típica do brasileiro) e assim, representa um nível de qualidade e sofisticação conpletamente divergente da realidade da imensa maioria da população. Ou não.
E você, o que acha?
A qualidade do design reflete a condição de um povo?