É espantosa a capacidade de organização de alguns profissionais, como por exemplo os Publicitários. E muito preocupante a nossa incapacidade de organização enquanto Designers. Talvez por isso profissionais, estudantes e até empresários do setor sejam tão cri-cris com tudo e todos. Enfim, como dizia o velho ditado Chinês “A mais alta das torres começa no solo”. E como não poderia deixar de apresentar um caso, aqui vai o dos Publicitários, sim, sempre eles…
Eles querem ser um só
IV Congresso de Publicidade reúne 1.500 profissionais e prega a criação de uma indústria de comunicação unida e que quer se fortalecer
“ME SENTI EM CASA, COMO se estivesse reencontrando a minha família.” A afirmação em tom de nostalgia foi feita por Julio Ribeiro, presidente da agência Talent, ao relembrar o IV Congresso de Publicidade, que aconteceu em São Paulo entre os dias 14 e 16 de julho e reuniu mais de 1.500 pessoas. A última edição do evento aconteceu há 30 anos e deu origem ao Conselho Nacional de Auto- Regulamentação Publicitária (Conar). A atual, segundo os próprios participantes, mudará o destino da propaganda no Brasil. “Essa demonstração de união e capacidade de trabalhar em conjunto é a prova inequívoca de que o mercado mudou”, afirma Dalton Pastore, presidente da Associação Brasileira das Agências de Publicidade (Abap) e idealizador do encontro.
COMUNICAÇÃO EM PESO: o evento contou com mais de 1.500 participantes, entre publicitários, imprensa, prestadoras de serviço e estudantes
Mas não só de união vive o mundo publicitário. Trata-se de uma máquina que gira anualmente no Brasil cerca de R$ 57 bilhões e enfrenta gargalos regulatórios preocupantes. “Há projetos de lei que proíbem e restringem a publicidade, e é contra eles que vamos lutar”, conta Luiz Lara, presidente da Lew Lara/TBWA. Ele se refere aos mais de 300 projetos que têm como objetivo vetar a atuação da propaganda. Um deles criou polêmica recentemente, pois visa a restringir a veiculação de comerciais de cerveja no período das 21h às 6h.
O Conar, vitória do setor em 1978, hoje amedronta. Atua, sobretudo, no controle ao apelo sexual e ao consumo de álcool nas peças veiculadas. “O pano de fundo do congresso foi, sem dúvida, a liberdade de expressão”, afirma Pastore. Nos três dias do encontro, 15 comissões foram formadas para fomentar a discussão de temas específicos, que variaram desde a própria censura até a criação de um fórum anual da indústria da comunicação e um código de ética comum para todas as empresas do setor. “Esse código é para impedir que a política prejudique o talento e a criatividade”, argumenta Lara. Outro ponto debatido no congresso foi a remuneração das agências. A comissão presidida por Lara foi a idealizadora da discussão, que pretende estimular a união entre agências e empresas em nome do aumento da verba publicitária. “Não adianta criar uma campanha maravilhosa e, na hora de executar, haver pouco dinheiro para fazer um bom filme. Propaganda não é commodity”, rebate Lara.
A coesão notada nos debates e na própria realização do congresso surpreendeu até mesmo os publicitários. “No começo todos fomos um pouco céticos. Mas a adesão do mercado foi extremamente positiva. Essa consciência de grupo me surpreendeu e me estimulou muito”, afirma Eduardo Fischer, presidente do grupo Totalcom. Após o encontro, a certeza que ficou é de que o próximo não demorará novamente 30 anos para ser feito. “Anualmente também não será, pois custa muito caro”, diz Pastore, que convidou o ex-secretário da ONU, Kofi Annan, para palestrar no primeiro dia do evento. A idéia é que aconteça, a partir de agora, a cada quatro ou seis anos.
ANA CLARA COSTA
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18/7/2008