Category Archives: Produto

Pra você entender o design de produto — que também pode ser chamado de design industrial — é um ramo que lida com a criação e o desenvolvimento de soluções para qualquer área, na forma de produtos e consumo. Entre essas soluções estão inclusos eletrodomésticos, veículos, imóveis, utensílios domésticos, máquinas industriais, acessórios entre outros produtos.

A ideia de contar com um profissional para tratar desse assunto tem relação direta com a resolução de problemas. Isso significa que o intuito é o de transformar matéria-prima e recursos já existentes em objetos comercializáveis e funcionais.

Nessa missão, é responsabilidade do designer garantir que o produto possa ser utilizado de forma prática pelo consumidor. A segui você verá mais detalhes sobre lançamentos, estudos e conceitos já existentes no mercado.

Dia Nacional do Design – por M

Aloisio Magalhaes

DECRETO DE 19 DE OUTUBRO DE 1998.
Institui o “Dia Nacional do Design”, e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso II, da Constituição, DECRETA:
Art 1º Fica instituído o “Dia Nacional do Design? que será comemorado no dia cinco de novembro de cada ano.
Art 2º Caberá ao Comitê Executivo do Programa Brasileiro do Design – PBD a coordenação das atividades relacionadas à comemoração do “Dia Nacional do Design”.
Art 3º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 19 de outubro de 1998; 177º da Independência e 110º da República.

Hoje, 5 de novembro é o dia Nacional do ?DESIGN?. Desde o ano de 1998 que comemoramos essa data. Quase 10 anos se passaram…e o que conseguimos desde então? É importante que nós designers, não nos limitemos a enviar votos de felicitações. É imprescindível que utilizemos esse dia para uma reflexão.

O 5 novembro foi escolhido para ser o ?Dia Nacional do Design? por ser a data de nascimento de Aloísio Magalhães, que completaria hoje 80 anos, um pernambucano, que foi considerado um dos pioneiros na introdução do Design moderno no Brasil.

Um dos profissionais mais importantes de sua época, Aloísio desenvolveu projetos conhecidos nacional e internacionalmente, como a identidade visual da Petrobrás (alterada há alguns anos), o desenho das notas do cruzeiro novo e o simbolo do IV centenário do Rio de Janeiro. Mesmo não sendo formado, participou da criação da primeira escola de nível superior de Design no Brasil: a Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI).

Aloísio Magalhães alcançou muitas conquistas em prol do Design. E desde então, o que nós conseguimos?

Muitas escolas de Design surgiram, muitos profissionais são jogados no mercado todos os anos. Mesmo assim, a nossa área continua sendo desconhecida da maioria das pessoas. Muitos equívocos continuam sendo cometidos, ser ?designer-de-alguma-coisa? virou moda. Até mesmo na hora de criar uma data para comemorar o nosso dia, há uma evidente confusão. Comemora-se o dia da profissão e não o dia do profissional, como é comum nas outras áreas. Seria essa mais uma excentricidade da nossa profissão?

E a regulamentação, conquista básica de qualquer categoria profissional, continua sendo-nos negada. Porque isso acontece? Seria culpa dos designers que não se mobilizam? Culpa da falta de representatividade? Seria culpa do lobby contrário, que lucra com a bagunça generalizada e por isso luta para deixar as coisas exatamente do jeito que estão?

É sabido que a grande maioria dos designers deseja atuar num mercado regulamentado. Precisamos portanto, usar a data de hoje para uma reflexão. Porque não conseguimos avançar?

Espero que os próximos ?5 de novembro? sejam muito mais do que meras datas festivas. Espero que tenhamos muito mais conquistas a comemorar.

Mônica Fuchshuber
é designer gráfica e ilustradora

Cadeia produtiva de j

Cerca de 40% do faturamento registrado pelo setor em todo o País se concentra no estado e 20%, na capital

Objetivo é formar pólo de design, que vai englobar também carros e moda. São Paulo deverá ganhar um Arranjo Produtivo Local (APL) em Design de Jóias. A proposta é da Secretaria Municipal de Relações Internacionais, que tem como meta transformar a cidade em um pólo de design englobando três áreas – além das jóias, moda e automóveis. De acordo com os cálculos da entidade, aproximadamente 50 empresas já se interessaram em participar do APL, que tem o objetivo de qualificar e organizar os designers de jóias, além de agregar valor ao produto fabricado na cidade. O primeiro passo é a realização de um seminário, em que especialistas discutirão as necessidades das pequenas empresas do segmento.

Leia a matéria completa de Vivian Teixeira na ASN.

Pesquisadores inovam para oferecer conforto no cal

Imagine um calçado inteligente, que se espicharia e se alargaria de acordo com o inchaço do pé ao longo do dia. Ou um calçado infantil que mudasse de cor quando o pezinho em seu interior já tivesse crescido além do limite, alertando os pais sobre a necessidade de um novo par. A idéia já está desenvolvida, e aguarda um parceiro, com grande potencial de ser brasileiro, para ingressar no mercado.

Leia a matéria completa na ASN.

Bolsa feita em jornal

Uma bolsa feminina, confeccionada em Minas Gerais com folhas de jornal, foi a grande vencedora da categoria ‘Soluções Inovadoras’ do Prêmio Form da Associação de Artes e Artesanatos da Alemanha, a Bundesverband Kunsthandwerk.

A cooperativa Futurarte, das comunidades rurais de Marimbá e Santo Afonso, em Betim (MG), recebeu o prêmio e foi reconhecida durante a última edição da Tendence Lifestyle ? Feira Internacional de Presentes, Utensílios de Cozinha e Decoração de Interiores, que terminou no dia 28 de agosto em Frankfurt.

Leia a matéria completa de Eliza Caetano na ASN.

Vagas – designer de interfaces – Digitro – SC

Em Florianópolis, 2 vagas para designer de interfaces na www.digitro.com

Perfil procurado:
Para ser um Designer de interfaces na Dígitro, você deve ser uma pessoa dinâmica, criativa, fácil de se relacionar e que goste de encarar projetos desafiadores – ou seja, uma pessoa capaz de adaptar-se às velozes mudanças no cenário de trabalho e de sugerir soluções novas para cada desafio.

Deve ter verdadeiro gosto por usabilidade e ergonomia, além de maturidade no que diz respeito a projetos de longa duração.

A Digitro também procura por um profissional com espírito investigador para pesquisas relacionadas à construção de um moderno e consistente Guideline de interfaces gráficas.

Formação: Graduação em Design ou Ciências da computação e Sistemas de Informação.
Conhecimentos: Sólidos conhecimentos em Usabilidade, Ergonomia e Design de Interfaces.
Desejável: noções de criação de icones, testes de usabilidade, grande disposição para trabalhar em equipe multidisciplinar.
Experiência: mímina de 1 ano na função.
Carga horária: 8 hs
Turno: 8 as 12 e 13:30 as 17:30
Salário: a combinar
Beneficios:
– Participação nos resultados
– Plano elaborado de cargos e salário
– Vale Ticket Alimentação
– Plano Saúde extensivo aos dependentes
– Plano de Previdência Privada
– Seguro de Vida
– Assistência Odontológica
– Associação de Funcionários

Aos interessados:
Cadastrar as suas informações no site www.digitro.com/curriculos
O mais rápido possível!

Informando o código da vaga: (DSG)

O pode mandar o portifolio diretamente para:
[email protected]

Resultados do F

O Fórum Internacional de Design e Inovação, que aconteceu no último 13 de setembro no MuBE, em São Paulo, realizado pela LG Electronics, foi uma experiência única para todos aqueles que se interessam pelo universo do design. O evento reuniu profissionais de primeira linha no desenvolvimento de produtos, com destaque para os asiáticos. Após a abertura e comentários sempre bem-humorados do designer Luciano Deos, diretor presidente do GAD Design e vice-presidente da Associação de Design do Brasil, o presidente da LG Electronics, Sr. Choong Bong Cho, fez um discurso em português, demonstrando assim a importância que a empresa confere ao design dentro de sua estrutura tanto no Brasil quanto no mundo.

O evento teve o mérito de aprofundar as discussões sobre a importância do design estratégico na conquista de novos mercados. O case coreano de aplicação do design foi o tema de Kun-Pyo Lee, professor e chefe do departamento de Desenho Industrial da KAIST (Korea Advanced Institute of Science and Technology) e membro do Emocional Design Society. Em sua palestra, o professor Lee fez um breve histórico do design na Coréia, que desde a década de 80 vem aprofundando essa atividade sempre conduzida por meio de parcerias entre o governo, indústrias e universidades.

Alguns números relatados pelo professor Lee são impressionantes: a Coréia conta hoje com 300 escolas de design para 47 milhões de habitantes, com 100 mil designers e 1,2 mil consultorias de design em exercício. Nesse cenário, a “educação em design” é de fundamental importância e para isso foi criado o grau de doutorado em design, estimulando a pesquisa e a busca da própria identidade após 35 anos de domínio japonês.

Representando o governo brasileiro, Fernanda Bocorny Messias falou sobre o PBD – Programa Brasileiro de Design, que visa promover a capacidade inovadora das empresas e, assim, elevar o nível de exportações do produto brasileiro. Entre as ferramentas de promoção do design brasileiro está o portal Rede Design Brasil e o Design Excellence Brasil.

A palestra do professor Freddy Van Camp foi essencialmente uma injeção de ânimo nos designers brasileiros, demonstrando o pioneirismo do design nacional em diversos campos. Contudo, Van Camp alertou para o fato de que os grandes “consumidores” do design nacional são as empresas multinacionais. Outro dado curioso é que o Brasil conta com 370 cursos de design, mais do que a Coréia. Porém, com uma população de 150 milhões de habitantes e com a baixa valorização desta atividade por parte dos empresários, temos no Brasil menos designers em exercício do que naquele país. (Quantos, quantos?)

O representante do LG Life Soft Research Laboratório ? Chul-Bae Lee, falou sobre o Gerenciamento do Design e a importância de uma equipe multidisciplinar no desenvolvimento de novos produtos. Chul-Bae citou a experiência da LG Electronics, que reúne cerca de 580 profissionais em seus laboratórios de design espalhados pelo mundo (Seul, Milão, Londres, Nova Jersey, Nova Delhi, Beijing, Dubai e Tóquio), com o objetivo de desenvolver produtos globalizados e que, ao mesmo tempo, valorizem a cultura local e o estilo de vida das pessoas.

A professora da Universidade Federal do Ceará, Rossana Maria de Castro Andrade fez uma interessante explanação sobre o desenvolvimento de telefones celulares. De acordo com Rossana, o celular é hoje um instrumento social, por meio do qual as pessoas expressam sua individualidade. Essa conclusão estimulou a criação de grupos de estudo envolvendo profissionais de diversas áreas como arquitetura, moda, informática e comunicação social com o objetivo de investigar o modo como o usuário vê a tecnologia e, a partir daí, apontar novas necessidades de uso e demandas dos usuários.

A importância do conceito e das ferramentas de pesquisa na criação de um produto foi o tema do designer Jonas Silva, representando a equipe de Design da Volkswagen Brasil. Ao apresentar o case Fox, Jonas destacou o papel do design corporativo, que evidencia os valores da marca e fortalece o vínculo com seus clientes.

Com o tema Inovação nos negócios por meio do Design, o reconhecido consultor de design do Japão, Inaba Mitsuru, afirmou que inovação é uma questão de cultura empresarial e citou o Good Design Award, que entrega um troféu ao presidente da empresa premiada. Ainda segundo Mitsuru, o poder do design é essencial para que países como o Brasil atinjam o nível de competitividade que desejam.

Na palestra de encerramento, o diretor de criação do estúdio Fahrenheit 212, Rony Zibara, apresentou curiosos cases como Blackberry, Starbucks e IKEA para justificar “o poder das idéias“.

O que fazer quando a tecnologia é similar ou idêntica entre as marcas? E o que fazer quando todos os designs são bons? Zibara acredita que a competitividade começa com grandes idéias e que grandes idéias criam novos mercados. Por este motivo ele convida designers e empresários a pensar em seus produtos com outra perspectiva, de forma diferente, sob as luzes da inovação.

Texto elaborado por Silvia Grilli em 14/09/2007

Entrevista com Fred Gelli sobre sustentabilidade

Por Evelise Grunow
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 330 Agosto de 2007

Gelli foi um dos convidados, em 2007, para compor o júri dos projetos inscritos na renomada premiação britânica D&AD, na categoria embalagens. A experiência revelou ao designer o longo caminho que ainda temos de percorrer na esteira da sustentabilidade, tendo em vista sobretudo que boa parte dos trabalhos concorrentes, considerados representativos da excelência do design mundial contemporâneo, esbarrava em problemas de desperdício de material e curto ciclo de vida, entre outros fatores, embora fossem bem resolvidos em termos estéticos e técnicos. Ao lado de sua extensa equipe multidisciplinar, Gelli desenvolve projetos para grandes empresas brasileiras e internacionais na área de branding e defende a entrada da sustentabilidade na ordem do dia dos escritórios de design, nos meios empresarial e político em todo o mundo. Em sua visão, esse processo pode ser rentável e resultante de boas ações de design.

A quantos passos estamos da insustentabilidade?
Estamos vivendo um momento bastante particular da nossa história, em que é necessário quebrar um paradigma. Precisamos mudar profundamente nossa atitude em relação ao planeta, e isso passa por todas as nossas atividades, incluindo a forma como encaramos nossa existência. É claro que o consumo é o grande motor do estilo de vida que adotamos, mas o fato é que criamos um modelo de relacionamento com o planeta que está se exaurindo. Essa ficha está caindo quase todos os dias através dos noticiários. Estamos num beco sem saída.

Quais os indícios dessa urgência?
Os chineses e os indianos finalmente conquistaram alguma capacidade de consumo, entendendo que finalmente chegou a vez deles, após décadas de opressão e de fornecimento de mão-de-obra barata. Mas se 30% da população da China e da Índia – que hoje somam 2,3 bilhões de habitantes – ambicionar consumir o mesmo que um espanhol, que já é 13 vezes menos do que um norte-americano, precisaremos de três planetas e meio a mais para dar conta do fornecimento de matéria-prima e do lixo resultante. Ao mesmo tempo, a China lança atualmente 8 milhões de automóveis por ano no mercado e o Brasil outros 2,5 milhões, a despeito da situação caótica das cidades. As pessoas já não andam, as cidades pararam. Imagine a perspectiva para daqui a dez anos com a produção crescente, o marketing gerando o desejo pelos automóveis, o designer trabalhando forte para fazer com que ele seja cada vez mais atraente para um consumidor que, no final, não conseguirá utilizá-lo, porque será impossível andar nas ruas.

Qual a origem desse dilema?

Estamos ainda no embalo da Revolução Industrial, a partir de quando passamos a nos deslumbrar com a possibilidade de desfrutar de um mundo povoado por soluções tecnológicas, por objetos, por equipamentos. Li algo curioso sobre o lixo da época colonial brasileira, que, sendo praticamente orgânico, era depositado nas praias e completamente reciclado pela própria natureza. Mas agora geramos quantidades absurdas de lixo: diariamente, dois quilos por habitante, em média, nos países com mais recursos. Desse lixo apenas 40% é recuperado em países desenvolvidos – como a Alemanha, que é onde mais se recicla no planeta – e 60% vai para os aterros nas várias cidades. Recentemente, o aterro que atende a cidade de Nova York se exauriu, não tem mais capacidade para receber nem um grama. Então o lixo de Nova York está indo, de caminhão, para a Virgínia, localizada a 800 quilômetros de distância. São 50 mil toneladas em trânsito todos os dias, gastando petróleo. Então não tem mais lugar para colocar lixo, não tem mais de onde tirar matéria-prima, não tem mais como poluir a atmosfera, estamos encrencados. As conseqüências serão traumáticas para a humanidade.

O que impede as pessoas de entender a gravidade da situação?
Elas consomem de forma doentia. O fotógrafo californiano Peter Menzel, por exemplo, documenta famílias em frente de suas casas ao lado de todos os objetos que possuem, desde uma escova de dentes até um automóvel. Ele fez isso em Cuba, Tóquio, Los Angeles e numa cidade do Butão, na África. As diferenças são brutais, porque o desejo de possuir é cultural. Os americanos têm em média 8 mil objetos dentro de suas casas, enquanto no Butão as pessoas têm 80. Na Revolução Industrial foi inventado o conceito de linha de produção, um processo absolutamente inconseqüente, porque é pensado linearmente. A natureza, ao contrário, funciona em ciclos o tempo todo. A ecologia industrial, por exemplo, já expressiva na Dinamarca, pode ser o elo entre esses pensamentos porque faz circular em cadeia os refugos industriais, relocando-os como matéria-prima. É o que se chama de ciclo fechado de produção.

De imediato, que mudanças podem ocorrer nas indústrias?

As empresas têm que garantir o reaproveitamento de seus produtos. Um exemplo é um modelo descartável de máquina fotográfica vendida no Brasil, que tem 85% de suas peças reaproveitadas e os 15% restantes reciclados no processo industrial. Não há gasto de plástico para produzir outra máquina. É uma das premissas do pensamento de ciclo fechado, ligada à condicionante material. Mas há também as condicionantes emocionais e filosóficas para o estabelecimento da sustentabilidade.

Como o design se enquadra nesse mecanismo de consumo exacerbado?
O design faz parte do mecanismo de produção de desejos, que, por sua vez, está na origem das demandas aceleradas pela renovação dos objetos, das tecnologias. É uma doença, alimentada por três agentes principais: o design, o marketing e a engenharia. O marketing faz com que minha filha deseje desesperadamente o novo modelo de celular, a engenharia planeja sistemas com obsolescência programada e o design é o responsável pela relação emocional das pessoas com as coisas através da forma, da cor, da textura, enfim, da lógica dos objetos e dos sistemas diversos. Como designer não me cabe apontar tal prática como nefasta, seria hipocrisia, mas certamente teremos que pensar em consumir outras coisas, de outras formas, produzidas de outra maneira.

Junto com a engenharia, a função do design é desmaterializar o que criamos, porque o que não necessitar ser físico terá menor impacto no meio ambiente. O que precisar ser físico deverá ter desenho mais duradouro.

De que forma isso poderá ocorrer?
Temos de fazer com que a engenharia repense sua maneira de projetar para que as máquinas possam ser atualizadas através de downloads, por exemplo, em vez de serem descartadas. Junto com a engenharia, nossa função é, portanto, desmaterializar o que criamos, porque o que não necessitar ser físico terá menor impacto no meio ambiente. No meu iPod, por exemplo, tenho hoje 20 mil músicas, quantidade antigamente armazenável em cerca de 1,5 mil CDs. Imagine a quantidade de papel impresso, de plástico, de energia e de lixo que essa nova caixinha, que mede 4 x 8 centímetros, economizou. Transformar produtos em serviços é um dos desafios aos quais nós, designers, teremos que nos lançar. Por outro lado, o que ainda precisar ser físico deverá ter desenho mais duradouro, ser capaz de interagir com o usuário através do toque, do brilho adquirido pela manipulação, entre outros recursos, a exemplo de materiais que mudam de cor pelo contato com a temperatura das mãos. Hoje, para se ter idéia, as marcas lançam em média 35 modelos de celulares por ano. É insano.

Portanto, o design deverá contribuir para a criação de objetos mais duradouros?
Sim, e a chave da perenidade em termos de consumo, que é o motor da economia, é preservar o desejo das pessoas pelas coisas. O design tem suas ferramentas nesse sentido, mas já vimos que não age sozinho. Numa das pontas, então, o marketing deverá propagar a idéia de consumo mais inteligente, e não será um tiro no pé, porque os aparelhos trocados a cada três anos poderão custar mais. Além disso, as empresas lucrarão com a venda de downloads de atualização e assim por diante. Mas na base disso tudo tem ainda uma variável que não está sendo considerada de modo sistemático, ligada ao passivo que acompanha a produção de um objeto ou a execução de um serviço. Ou seja, quanto de água é despendida no processo industrial, qual o custo dos lixões. Esse passivo está crescendo e, no futuro próximo, os preços subirão porque as empresas serão responsabilizadas por ele. O design perene, portanto, é o caminho natural para que haja o equilíbrio dos gastos, sejam eles financeiros ou naturais.

Boa parte do enfrentamento entre ter e usar poderia ser equacionada com a criação de novos serviços. Na Inglaterra, por exemplo, há lugares em que as pessoas alugam carros por hora em vez de possuir um veículo

No entanto, boa parte do que se produz atualmente tem a ver com a idéia de renovação constante.
Acho que o design efêmero, essa angústia por experimentar formas novas o tempo todo, tende a perder espaço. Acredito que os designers irão batalhar para encontrar novas portas de expressão e atuação, certamente mais perenes, mais potentes e encantadoras. Voltando à questão dos três agentes, sua ação deverá objetivar novas formas de relação das pessoas com os objetos, novos serviços, uma lógica de consumo menos acelerado, ainda que supertecnológico e com materiais de ponta. Não é necessário ser chato para ser sustentável, não precisa ser sem gosto ou sofrer da ausência de cor. Nós, designers, temos uma avenida de novas possibilidades pela frente, todas elas ligadas ao estabelecimento de um novo olhar, de inovadoras formas de negócio. Não faz mais sentido a lógica auto-suficiente do design como uma máquina de gerar formas bonitinhas.

Possuir ou usar – essa é uma das questões focais ligadas à quebra do paradigma consumista?
Sim. Boa parte do enfrentamento entre ter e usar poderia ser equacionada através da criação de novos serviços, menos custosos até, o que nos leva de novo à questão da desmaterialização. Na Inglaterra, por exemplo, há uma seguradora de veículos que cobra proporcionalmente ao período em que o usuário circulou com o carro no mês [o serviço chama-se Pay as You Drive], o que o liberaria da taxa mensal na época em que ele estivesse viajando de férias sem o veículo. Há lugares, também na Inglaterra, em que pessoas alugam carros por hora em vez de possuir um automóvel, e isso faz sentido porque, em média, apenas durante 10% do dia estamos de fato circulando com eles. Então, para que possuir um? As fábricas e empresas do setor não sairiam perdendo, apenas mudaria a forma de seu relacionamento com o consumidor. E os usuários, por sua vez, poderiam ter à disposição acessórios de customização para que a experiência com o veículo alugado não fosse tão impessoal.

O designer se torna, então, um estrategista?

Essa é uma nova e grande possibilidade que temos à nossa disposição, ou seja, mudar a lógica de um produto para a lógica de um serviço. É uma alteração profunda, e, na história da humanidade, momentos de mudança já foram acompanhados pelo design. Podemos alavancar grandes viradas a partir de nosso olhar, tendo o apoio e a demanda dos setores políticos e empresariais. Só com esses setores é que o triângulo design, engenharia e marketing poderá dar a virada para a sustentabilidade, porque o processo tem que ser viável.

De que modo, então, estruturar o desejo de usar em vez de possuir?
Estamos esbarrando com algumas das encrencas que surgem quando você faz uma mudança radical, e é bem complicado porque a posse é completamente arraigada na nossa sociedade capitalista, consumista. Teremos que criar artifícios muito poderosos para não deixar as pessoas descontentes com as transformações de relacionamento, e o fato é que ainda estamos em processo, é algo muito novo. Estive em Londres, e percebi que isso é algo realmente novo, mesmo em outros países.

É possível resgatar do passado exemplos mais sustentáveis de vida social?
Já fomos muito mais ecológicos do que somos hoje, e isso em todos os sentidos. Em relação à alimentação, por exemplo, atualmente 75% da população do planeta consome só 15 espécies de vegetais, e, dessa taxa, 50% tem como base apenas o arroz, o trigo e o milho. O Brasil não é produtor de trigo, temos que importá-lo, transportá-lo por navio, gastando combustível. Isso não faz sentido algum. Poderíamos fabricar pão com mandioca, pão com milho, por exemplo. Isso já ocorria antigamente, havia maior diversidade de legumes e de vegetais. Centenas de tipos de vegetais sumiram com a pasteurização, a uniformização do consumo, e isso gerou atitudes e pensamentos totalmente antiecológicos, de não-valorização do que é local. É um círculo vicioso, negativo. Acredito que a valorização do que é local está voltando à ordem do dia e poderá ser estendida ao comportamento também.

O que muda no escritório de design com a perspectiva da sustentabilidade?
Meu escritório passará a assinar design de idéias, por exemplo, porque o olhar estratégico, filosófico até, é o que deve estar na base de todos os projetos, independentemente de sua natureza ou abrangência. Chamo de planejamento criativo a ação simultânea entre as equipes de inspiração e inovação/estratégia, método que faz com que a idéia e a forma surjam livremente, sem ordem hierárquica ou cronológica. Nos projetos de branding, por exemplo, procuramos incorporar informações sensoriais, táteis, e esse olhar sensorial é fundamental à efetiva guinada da sustentabilidade vista pelos olhos do design.

O que a área de branding tem a ver com sustentabilidade?
A sustentabilidade deve ser observada em qualquer tipo de ação de design, inclusive nos projetos de branding. São trabalhos que falam da relação entre empresas e consumidores ou usuários, e a mudança de paradigma só se efetivará com a evidenciação das novas possibilidades que podem ser estrategicamente idealizadas para tais interações. As empresas têm que mudar de atitude, os consumidores também e, para isso, a comunicação entre eles deve mudar igualmente. Trabalho com a idéia de investigar e enfatizar a interação sensorial, emotiva, e acho que essa abordagem pode ser interessante para a sustentabilidade. Produtos conscientes não precisam ser eco-chatos.

Como os projetos para grandes eventos podem ser agenciados em favor de uma nova lógica de design?
Voltando ao conceito de design de idéias, podemos dizer que ele ocorre em três ambientes, que são o essencial, o de consumo e o de entretenimento. No primeiro, temos o projeto de branding propriamente dito. No segundo abordamos aspectos que interessam às lojas, desde a arquitetura até os folhetos, embalagens, displays, comunicação de vitrines etc. Já no terceiro ambiente, o de entretenimento, há o cruzamento de todas as formas de expressão das marcas, a exemplo do Nokia Trends e do Tim Festival, em que temos trabalhado há bastante tempo. Com o Nokia Trends, para o qual desenvolvemos a identidade global, temos canal aberto de comunicacão com pessoas de vários países e continentes, desde um jovem colombiano até um dinamarques, por exemplo. Acredito nesse diálogo com os jovens como ferramenta.

A internet é, nesse sentido, importante ferramenta de trabalho para os designers?
Com certeza, a informação é um dos nossos pilares. Implantaremos em breve um hot site chamado ?Por que você se lembra do que você se lembra??, que é um convite para que as pessoas enviem a imagem de um momento memorável, de algo que as marcou por alguma razão. A idéia é criarmos um banco de experiências, e se mergulharmos a fundo nessas informações entenderemos mais profundamente o que mantém certas lembranças, certas emoções em nossas mentes. De antemão, já sabemos que a cola mais poderosa entre as pessoas e a realidade é a emoção, e é isso o que busco em meus projetos, resgatar a relação afetiva, sustentável e focada nos negócios.

Você defende o resgate da natureza como elemento de inspiração para o design?
Sim. Meu escritório surgiu há 20 anos muito em função dos estudos que desenvolvia na faculdade de design industrial em torno da biônica. Já naquela época me interessava o exame da natureza e, assim, meus primeiros dez anos de trabalho estiveram ligados à criação de produtos com baixo impacto ambiental, quando ainda poucas pessoas falavam no assunto. Hoje é mais complexo falar de sustentabilidade, mas a lógica cíclica da natureza e seus instrumentos de comunicação entre espécies são ainda grande fonte de estudo e inspiração. A partir da observação das flores, por exemplo, estou refletindo com minha equipe sobre o sistema de seleção de consumidores, de público-alvo nos projetos de branding. As flores são extremamente recentes na história da botânica, mas foram fundamentais para o processo de reprodução das espécies, principalmente porque agenciaram agentes polinizadores com suas armadilhas de cor, forma e cheiro. Estamos extraindo princípios filosóficos e sensoriais dessas pesquisas e vamos aplicá-los no dia-a-dia dos nossos projetos.

Chamo de planejamento criativo a ação simultânea entre as equipes de inspiração e inovação/estratégia, método que faz com que a idéia e a forma surjam livremente, sem ordem hierárquica ou cronológica.

Lecionando em curso de design industrial, como você aborda a questão da sustentabilidade em suas aulas?
A sustentabilidade é critério obrigatório para todos os projetos da faculdade, acho que é responsabilidade do professor transmitir esse raciocínio a seus alunos. Mas, além das informações técnicas, procuro despertar o olhar questionador e curioso em minhas aulas, através, por exemplo, de trabalhos com derivação de palavras. Acredito que o bom designer é necessariamente inventivo, deve ter habilidade para estabelecer conexões sutis, ter boa visão global. Os alunos escolhem, então, um verbo e partem para a investigação de todos os possíveis pontos de vista dele deriváveis. Uma turma trabalhou recentemente com o verbo sobrar e, após passarem pelas denotações de sobra de alimentos, sobras industriais e sobras afetivas, entre outras abordagens, projetaram uma escultura interativa para armazenar garrafas de bebida em determinada área do Baixo Gávea, no Rio de Janeiro. A região é muito freqüentada por jovens, que, desde que a escultura foi implantada, há cerca de um mês, passaram a não mais jogar garrafas no chão e sim encaixá-las na escultura pública desenvolvida pelos meus alunos.

Dica de Michele na lista [dG]

Voc

Antes de tudo assista o trailler.

Agora veja ai embaixo como funciona a jogabilidade.

Nenhuma novidade tecnológica, mas a idéia de associar os pés do skatista às extremidades do stick do controle é excelente.

Resultado: jogos mais realistas e, por isso, mais difíceis e menos enjoativos. Uma vez que movimenta-se um dos pés do skatista, deve-se pensar imediatamente em como vai movimentar o outro.

Fatores como inércia, altura do salto, velocidade e ângulo de chute de cada pé e tempo de retorno ao chão podem gerar uma tragédia ou fazer o jogador vibrar por ter conseguido fazer uma manobra com perfeição.

THPS está fora, pois as únicas coisas que fazem com que um bom jogador erre são ousadia de mais e distração.

Observação muito boa do Luiz.

Projeto de alunos da ESPM-SP é destaque no Prêmio Philips de Simplicidade 2007

Alunos do curso de design da ESPM receberam esta semana, a menção honrosa como reconhecimento do plano desenvolvido para a ONG Sociedade do Sol, uma das empresas participantes do Centro Incubador de Empresas Tecnológicas – CIETEC/USP.

As estudantes Cristiane Nito, Diana Lee e Simone Cavalcanti tiveram a missão de desenvolver a identidade visual e o logo da entidade sob supervisão dos professores do curso de graduação.

A Sociedade do Sol foi a ong vencedora no Prêmio Philips de Simplicidade 2007 por desenvolver um sistema prático que facilita a vida das pessoas. No projeto, a empresa criou um aquecedor solar de baixo custo destinado a substituir parcialmente a energia elétrica, e o trabalho criativo dos alunos da ESPM reflete este conceito. “Essa parceria estimula os alunos e o empenho durante todo o processo criativo foi notável.

A perspectiva de desenvolverem trabalhos sob orientação dos professores, para clientes reais e com grandes chances de viabilidade, exige grande comprometimento por parte dos alunos”, explica Marcelo Montore, professor supervisor do projeto.

A parceria entre o curso de Design da ESPM e o CIETEC/USP foi firmada há mais de um ano e tem como objetivo integrar e incentivar alunos e empresas no desenvolvimento de projetos na área de design e comunicação visual.

Informações – ESPM
Campus Profº Francisco Gracioso
Rua Dr. Alvaro Alvim, 123, Vila Mariana
(11) 5085-4600