Desenhistas de nada

Hoje enquanto almoçava, assistindo a TV vi uma triste passagem no quadro Vídeo Game. Dois casais foram chamados da platéia e as meninas teriam de fazer uma “tatoo” com canetinhas nos meninos. O tema escolhido foi TUBARÃO.

Foi de doer o resultado da brincadeira. Lamentável mesmo.

O que ficou claro ali e que facilmente percebemos no dia a dia no contato com alunos é que a educação de hoje em dia simplesmente vem destruindo qualquer capacidade de desenho que possa existir nos alunos. E a informática tem muita culpa nisso tudo.

Tanto em uma quanto na outra a visível falta de referências gráficas e pictóricas ficou claramente visível. Nenhuma foi capaz de expressar nem ao menos a conhecidíssima barbatana dorsal. Para piorar, tentaram desenhar o bicho inteiro.

 

Me lembro que no meu jardim de infância as professoras nos ensinavam a desenhar peixinhos usando como referência a letra L minúscula. Era fácil e ali aprendíamos que era possível intentar o peixe que quiséssemos.

Depois outras formas básicas nos eram ensinadas: nuvens, árvores, casinhas e pessoas “de palitinhos” e mais uma infinidade de formas que nos levaram facilmente a soltar o traçado, o risco, a mão.

A semiótica nos apresenta o mundo – que o vemos gráfico – de forma escrita e também por símbolos simples como o desenho simples de uma cadeira. Porém o que se percebe é que tanto os elementos da semiótica como, principalmente o de desenho parecem estar desaparecendo da educação.

É uma constante nos fóruns de Design e Arquitetura postulantes ao curso perguntando se tem de saber desenhar a mão. E a paúra dos THEs – as medonhas prévias?

A maioria opta por gráfico porque “tudo é feito no computador”. Alunos de séries iniciais reclamam quando o professor pede trabalhos à mão e, não difícil acontecer, alguns insistem em entregar os trabalho feitos no PC.

Muitos quando tentam entregar algo feito à mão deixam claro seu protesto e entregam trabalhos mais parecidos com garatujas.

O que acontece com o desenho?

Onde foi parar o desenho?

Onde foi parar a sensibilidade da análise, estudo e observação das formas, das referências, das estruturas?

Onde foi parar a capacidade dos professores do ensino de base em ensinar ao menos o básico do desenho?

Onde foi parar as garatujas que o ser humano foi um dia capaz de fazer?

Teremos de voltar à pré-história e, como primatas ainda não desenvolvidos, começarmos tudo do zero?

Será que é preferível agir como o Pequeno Príncipe e a sua “cobra que comeu o elefante”, diante dos clientes?

 

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