Por: Nathalia Santos Costeira
Escorregões, tropeços e quedas podem ter consequências graves. Por isso, estar atento a pequenos detalhes, como a disposição correta dos móveis, é indispensável para diminuir o risco de acidentes em casa, principalmente se houver crianças e idosos circulando
Sempre pensamos em nosso lar como um local seguro, onde estamos livres de qualquer perigo. No entanto, pesquisas recentes apontam que aproximadamente 75% dos acidentes que envolvem idosos e crianças acontecem dentro de suas próprias residências. Essa constatação pode ser atribuída ao fato de que casas e apartamentos, em geral, não são projetados para atender adequadamente suas necessidades, e que pouco tem sido feito para mudar isso. “O ambiente em que vivemos deve, necessariamente, ser compatível com nossas preferências pessoais e necessidades específicas”, alerta o arquiteto Allan Feio.
Os profissionais da área chegaram ao consenso de que a principal causa desses acidentes é a falta de conhecimento. “Os próprios moradores poderiam prestar atenção a pequenos detalhes como corrimãos, pisos e móveis adequados, se soubessem de sua importância”, afirma o designer de interiores Paulo Oliveira, para quem a principal dificuldade está em conscientizar as pessoas sobre a necessidade dessas mudanças. “É preciso vencer a resistência dos próprios clientes, que se preocupam em atender somente as necessidades do agora, esquecendo das adaptações que serão indispensáveis com o passar dos anos ou com a chegada de um filho, por exemplo”.
Outro obstáculo presente na hora de trazer segurança aos projetos é a questão estética. Para a designer de interiores Adriana Diniz, existe um certo preconceito em relação à instalação de barras ou mudanças nos mobiliários. “Muitos acreditam que isso compromete a estética do ambiente, o que não é verdade”.
Mas esse preconceito não está restrito aos clientes. Muitos arquitetos e designers de interiores também primam pela estética, quando o conforto, a praticidade e a segurança deveriam estar em primeiro lugar. Contudo, com o crescimento da perspectiva de vida e o número de idosos aumentando no País, está surgindo um novo mercado, que cresce acompanhado de profissionais especializados no assunto.
E engana-se quem pensa que é preciso gastar muito para melhorar a segurança. Adriana Diniz garante que é possível fazer mudanças sem desembolsar muito dinheiro. “Pequenas alterações na decoração e organização dos móveis já fazem grande diferença”.
Já para quem precisa de adaptações mais específicas, o custo pode variar entre R$ 3.000 e R$ 40.000, dependendo das necessidades e limitações. A arquiteta Maria Olide Leal ressalta, porém, que qualquer alteração devidamente projetada só acrescenta valor ao imóvel. “Além de proporcionar qualidade de vida aos moradores”.
O primeiro passo nessa direção é observar todos os detalhes, como pisos, locais de circulação, distribuição do mobiliário, iluminação etc. O arquiteto Allan Feio aconselha a remover todos os obstáculos das áreas por onde passam as pessoas: os fios devem ficar em canaletas e os tapetes convencionais trocados por modelos antideslizantes.
Paulo Oliveira ressalta também a importância dos pisos antiderrapantes na cozinha, banheiros e áreas externas, assim como corrimãos e demarcações no início e fim das escadarias. Sugere, sempre que possível, optar por móveis com cantos arredondados, que evitam ferimentos graves, principalmente nos choques com crianças.
Entre os cômodos que merecem mais atenção, a unanimidade entre os profissionais é o banheiro. “O uso dos porcelanatos, aliado à falta de barras de segurança e apoio, são os fatores que mais contribuem para os altos índices de acidentes” afirma Feio.
BOX (na matéria) – Segurança em primeiro lugar
Aqui, os profissionais dão dicas de como deve ser uma casa em que circulem crianças e idosos:
Área de serviço: Os itens de limpeza precisam ser colocados em locais de fácil acesso, mas longe do alcance das crianças, e os objetos pesados devem sempre ficar nos lugares mais baixos. No piso, dê preferência aos materiais que permitam fácil manutenção e limpeza, mas que não sejam lisos.
Cozinha: Assim como na área de serviço, os objetos utilizados com mais frequência devem ficar em locais de fácil acesso. O conselho é proteger as quinas dos móveis, e a altura dos balcões e da pia precisam ser adequadas a quem trabalha no espaço.
Sala de estar: Evite prateleiras de vidro e acessórios em excesso sobre as mesas. Retire todos os tapetes ou utilize antiderrapantes que se fixam no piso. Fique atento às quinas dos móveis e à firmeza dos mesmos.
Sala de jantar: Como na sala de estar, evite o excesso de acessórios sobre a mesa e, caso o tampo da mesa seja de vidro, proteja-o com botões de silicone, para evitar quebra ou trincas. Prefira cadeiras leves, resistentes e firmes, mais facilmente manuseadas por crianças e idosos.
Quarto: O ideal é que armários, cômodas e criados-mudos tenham corrediças nas gavetas e protetores de quina. A cama deve ter altura apropriada ao usuário, e o interruptor de luz precisa ficar próximo ao leito.
Banheiro: O piso deve ser adequado para áreas molhadas, e o uso de tapetes só é permitido se for do tipo de borracha com ventosas. Dentro do box e próximo ao vaso sanitário, é recomendado instalar de barras de segurança e eliminar desníveis do piso. O porta-toalhas deve ser fixado na parede.
Áreas externas: Para quem possui piscina, o ideal é proteger toda a área com grade de alumínio e instalar pisos apropriados para evitar quedas e escorregões.
Janelas: Todas elas e também as varandas devem contar com rede protetora.
Escadas: Corrimãos e degraus sinalizados com cores fortes ou faixas antiderrapantes são imprescindíveis. A instalação de portões também é indispensável para quem possui crianças pequenas.
AT revista, parte integrante do jornal A Tribuna – Ano 4 – Edição 171 Sessão – Sua Casa – 9/março/2008