Em notícia recente publicada aqui, falou-se sobre o apoio e interesse que que a Google tem em rodar Photoshop CS3 em Linux, via emulador Wine.
De onde vem esse interesse?
Vale a pena, aqui, analisar algumas das implicações envolvidas neste caso.A Google possui o Picasa, um editor de imagens de uso livre, que, em tese, poderia ser considerado um concorrente do Photoshop. Se não tecnicamente, ao menos, mercadologicamente.
Apesar disso, todos os que trabalham profissionalmente com o Photoshop (eu, inclusive), sabem o quanto é difícil qualquer programa se equiparar em termos qualitativos à esta ferramenta, naturalmente líder de mercado, uma liderança, em tese, pouco contestada pelos utilizadores e pela comunidade profissional de designers, arte-finalistas e operadores de computação gráfica. O que se vê, na verdade, é quase uma “seita” de “photoshopers”, ansiosamente aguardando novas versões, plugins; compartilhando em diversos forúns e comunidades espalhadas pela web seus brushes, patterns, configurações de regulagens de selective colors, curves, etc…
O Picasa, creio, não tentará se equiparar ao Photoshop. Então, qual seria o motivo desse repentino interesse da Google? Qual o interesse da numa ferramenta concorrente da Adobe? Com certeza, eu não conheço o motivo preciso, mas analisarei algumas possibilidades.
Com a (nem tão) recente compra da Macromedia, a Adobe se tornou um quase monopólio de ferramentas e soluções web, as mais populares e utilizadas do mercado. Vejo esse interesse da Google como uma possível aproximação com o “império do software proprietário para web” da Adobe, no melhor espírito “se não pode com eles, alie-se a eles”, ou seja, é melhor estar por perto de quem, em tese, está ganhando o jogo, do que lutando contra.
Já vi muitos amigos de profissão dizerem que “no dia em que o Photoshop rodar em Linux, migro para esta plataforma e abandono o Windows de vez”. É provável que a Google esteja de olho nisso, que tenha consciência de que uma conquista deste porte (rodar Photoshop CS3 no Linux) será acompanhada de uma grande celebração no setor, neste cenário, o “pai” da façanha ganhará ainda mais simpatia da comunidade web.
Cabe ressaltar que rodar Photoshop utilizando um emulador não faz com que o aplicativo se torne livre, muito pelo contrário. O usuário precisa ter uma cópia (para Windows) para instalar o programa em ambiente Linux, utilizando uma solução wine, um dos mais celebrados emuladores para Linux da atualidade.
Então, qual a diferença?
Isto é o que se tem hoje. Porém, com a entrada da Google na “jogada”, tudo pode mudar. É verdadeiramente improvável que a Adobe irá abrir alguma API relativa ao Photoshop, mas, como disse, com um parceiro novo desse porte, o wine dará grandes saltos qualitativos, trazendo uma solução de emulação melhor e estável.
Conclusões
Muitos na comunidade do software livre enxergam, com ressalvas, a tática anunciada pela Google. Por qual razão o investimento será feito em emulação de Photoshop e não no gimp, conhecida ferramenta de edição bitmap desenvolvida para ambiente Linux? Se é pouco provável que a API do Photoshop será liberada, o que acontecerá no futuro, como retorno do investimento neste seguimento?Com certeza, são questionamento pertinentes, que mexem com o mercado.
O fato é: a Google não dá “ponto sem nó”, então podemos esperar mudanças consideráveis.
E você, o que acha?