Comovido pela indignação de como as pessoas não compreendem inteiramente o que é um projeto, decidi escrever este pequeno artigo sobre as terminologias utilizadas em projetos de fronteira, onde o design, engenharias, administração e negócios se misturam, porque depois de 2 semanas estressantes de reunião, aeroportos e atrasos de avião, não há quem agüente ouvir tanta asneira de tanta gente, incluindo colegas de profissão e trabalho. Aqui vai o desabafo!
PRINCÍPIOS
Como todo bom texto fundamentado, jogo de cara um apontamento de CASAROTTO, “… Nos países de língua inglesa não há projeto, mas ‘Design’. Nesses países denomina-se ‘Project’ a um empreendimento, a um trabalho, mas não a um projeto de engenharia.” Esta definição é importante visto que a maioria dos estudantes, profissionais e outros correlatos ao projeto trocam estas definições. Simplificando CASAROTTO para os mais leigos: Design é a junção da forma e função de um determinado item, ou produto. Projeto é sinônimo do Empreendimento que terá como resultado um dito Produto ou Serviço.
Apenas para entortar o pensamento e depois descomplicar: Design tem especificação, Projeto tem Escopo, mas, o produto também tem Escopo! E agora? Simples, no início de um projeto tradicionalmente se realiza o Ante-Projeto do Negócio, vislumbra-se o consumidor, mercado-alvo, concorrentes, normas, regulação governamental e outros parâmetros. Tudo isso para se estruturar de forma parametrizada, ou metrificada as funções que o produto irá realizar. Somando um mais um: Escopo do Produto é similar a Função Global do Produto (agora na linguagem da dupla dinâmica da engenharia alemã: PAHL & BEITZ (vulgarmente conhecidos como as duas tábuas que o engenheiro Moisés – primo do outro famoso – trouxe lá de um morro). E para bom entendedor: que diacho esse produto vai fazer? [A] Ligar? [B] Receber SMS? [C] Têm agenda? [D] Função PIM? [E] Pode cair na piscina? Tratando-se de um celular…
OS PONTOS FOCAIS
E o Escopo do Projeto? Muito simples, o que o projeto realiza? Com quais outros parâmetros? O que se gerencia? Gerência é gestão? Para fechar, perguntas cruciais com respostas diretas segundo o PMBOK, gerenciamento de recursos financeiros, recursos humanos, prazos, comunicações, integração, custos, qualidade, riscos e aquisições. E principalmente como reta final, como dito anteriormente: o projeto tem entregas na forma de documentação, protótipos, relatórios. É do projeto, ou Project que se obtém o Design (produto ou de peças gráficas)!
OS OBJETIVOS DO PRODUTO DESCONTRUIDOS
Design tem especificação! Agora é mais simples, pois as faixas de operação dos parâmetros (para não estender basta olhar no bom e velho BAXTER) têm valores qualitativos e quantitativos para as suas funções, retomando as funções definidas anteriormente: [A] Ligar /receber, e realizar 1 ligação em espera com 1 chamada em espera, [B] Receber SMS com armazenamento em Cartão de Memória Flash (até 4Gb) e/ou memória flash do celular (até 40% do espaço da memória total de 20Mb), [C] Agenda com fotos, tons polifônicos e/ou MP3, perfis de usuário e com capacidade para 40% do espaço da memória flash do aparelho, [D] Função PIM compatível com MS-Office e Apple MobileMe, [E] Resistente a quedas na água e/ou respingos. Esta especificação é definida ao final do Projeto Informacional, segundo ROZENFELD, FORCELLINI e o resto da tropa de elite. Portanto, uma especificação é definida (ou mesmo designed na língua inglesa) no projeto, e ao final do mesmo ela é alcançada via o Produto ou Serviço. Isto tudo sem me aprofundar nas questões de especificações qualitativas!
XINGA QUE É BOM
Subindo um pouco o calão, vamos agora pontuar alguns xingamentos estratégicos de projeto; [1]retorno do investimento, [2] janela de oportunidade, [3] aquisição, [4] T2MKT, [5] Supply-Chain, e para fechar senão isso se torna um tratado o famigerado Estudo de Impacto Ambiental [6].
Como a Administração é movida por ondas, ou modas, portanto o [1] Retorno do Investimento também é chamado de ROI ou ROA, respectivamente traduzido da língua inglesa como Retorno do Investimento ou Retorno dos Ativos! E Ativos são um sinônimo para investimentos financeiros, e em círculos menos abastados como dindin ou verdinhas. Obviamente com uma boa dose de lucros, afinal, esta bibliografia toda não é da antiga União Soviética ou de Cuba. A Janela de Oportunidade (OW – oportunity window) é um termo muito comum na Astronáutica (NASA), pois uma janela é objetivamente um ângulo de saída da terra em sincronização com eventos celestes (posição de planetas e objetos menores) que possibilitem aceleração gravitacional de modo a se reduzir o uso de combustíveis e conseqüentemente massa e custo na retirada de artefatos, como foguetes, naves, mísseis balísticos e outros objetos perturbadores. E a Janela de Oportunidade que tratamos nos projetos é um paralelo ao termo usado na Astronáutica; a oportunidade de se lançar determinado produto ou serviço com os menores esforços para se obter o máximo de rendimento. As [3] Aquisições tratam de compra de serviços diversos, de maquinário, da contratação de laboratórios e até mesmo de Designers, pasmem! A sigla agressiva [4] T2MKT é outro modismo para Tempo para o Mercado, ou seja um paralelo com Janela de Lançamento que nem todos os seres humanos conseguem muito bem diferenciar, muito menos quem vos escreve. E obviamente para um produto ou serviço operar (ou funcionar) é necessário o desenvolvimento da Cadeia de Fornecimento ou [5] Supply-Chain, que nada mais são que todos os envolvidos nos processos de fabricação, manufatura, integração (montar o LEGO), empacotamento (colocar o LEGO na caixa, logística (joga as caixas de LEGO nos caminhões)… Já o [6] Estudo de Impacto Ambiental é um processo que normalmente envolve uma Agência governamental que sofre pressões de Ministérios de Desenvolvimento e correlatos, Ativistas, ONGs como Greenpeace (não compreendidos globalmente pelas instituições governamentais e pelos seres munidos de terno e gravata) e apoiados por estudantes de todas as facções, inclusive do design!
Obviamente tinha que terminar com, ufa, Design!