A maioria dos meus post nasce de uma situação do meu cotidiano, conversas, comentários de textos meus, situações vividas ou vistas. Se existe alguma razão para meus textos serem considerados estranhos culpem o meu cotidiano, ele é o verdadeiro culpado por isto.
Este texto não poderia ser diferente, nasceu de uma conversa com um(a) colega, o nome eu não conto para evitar futuros processos e/ou divisão de autoria deste texto.
Antes que me perguntem eu adianto, não ele(a) não é designer. Mas a situação apresentada já foi vista por mim diversas vezes em alguns estudantes e até mesmo colegas de profissão. Por conseguinte merece um texto. (mesmo que não merecesse eu ia faze-lo..afinal tenho uma cota a preencher por aqui por isso, por favor, compreendam).
A conversa girava em torno da sua atividade profissional, quando ele me passou o quanto cobra por sessão. Eu argumentei que o valor estava muito abaixo do oferecido pelo mercado. Sua resposta seca foi:
“-É assim mesmo… Eu ainda estou começando.”
Mediante tal argumento, fiz o que qualquer um em meus calcanhares faria: calei-me.
Mas aquilo me incomodou profundamente – a resposta não o fato de eu ter que me calar, até por que eu curto momentos de silêncio e introspecção, mas estamos fugindo do assunto.
E comecei a dar asas a minha memória, e lembrei de quantas vezes eu ouvi e sou obrigado a confessar, um pouco envergonhado admito, proferi eu mesmo estas malditas palavras.
Na época eu achava não haver problema algum com tal atitude, mas vejo hoje que era a raiz de todo mal que eu ajuda a disseminar. Eu hoje que tanto luto e me importo pela nossa regulamentação já agi contrariamente a tudo aquilo que desejamos. E que atire a primeira pedra aquele que nunca fez isso (ED, Fernando Galdino, Canha, Antonio Ribeiro e Jonas, abaixem as pedras por favor! Foi figura de linguagem galera!)
É uma situação delicada, eu sei. Começo de vida profissional você aflito, as vezes ansioso, pelo primeiro cliente. Confesso que chegamos a beira do “fazemos qualquer negócio por um cliente”. Mas essa ansiedade é uma de nossas maiores inimigas.
Uma analise do mercado já demonstrou que consumidores de uma forma em geral possuem uma ideia de qualidade ligada a preço. Quando cobramos tão abaixo da tabela de mercado estamos passando um recado muito sutil ao nosso publico.
“Pra que pagar mais?”
Sim, sucinto assim. Infelizmente nosso empresariado e empreendedores brasileiros ainda ligam, design, publicidade a custo e não a investimento. A diferença entre custo e investimento, eu mesmo já comentei aqui e diversos colegas também, é enorme!
Custo é algo que sempre se busca cortar, economia é a palavra chave no Brasil de hoje. As altas cargas tributárias exigem do empresariado essa atitude. Podendo corta-se os custos de produção e da divulgação!
Investimento não tem jeito. É preciso fazer se deseja-se crescer. Seja investimento em pessoal qualificado, recursos e maquinário, lojas ou mesmo divulgação.
Mas opa! Divulgação consegue aparecer em ambas as listas?! Como isso é possível e como resolver esse dilema?
Ora, meus caros. Essa é a visão do nosso publico sobre nossa atvidade: “É necessário, mas se posso fazer baratinho..por que investir muito?”. Triste realidade esta que sofremos. E a concorrência é grande! Temos que lutar por espaço contra micreiros, publicitários, arquitetos, entusiastas e agora..contra nós mesmos?!?! È muito para tão poucos, não concordam?
Iniciar é preciso, todos hão de concordar comigo nesse aspecto. Afinal ninguém, creio eu, faz uma faculdade ou universidade para depois pendurar o diploma na parede para servir de alvo pros seus dardos. Espero eu que não!
Mas a iniciação não pode ser auto-empreendedora. O caminho mais acertado é o estagio. Ou pelo menos sob a orientação de um profissional qualificado.
Ao se diminuir demais o preço, seja ele pelo motivo que for criamos um vácuo no mercado. E como todos sabemos a natureza abomina o vazio. Tende a preencher esse espaço de uma forma ou de outra.
Então o que ocorre? De uma lado da tabela temos o “iniciante” que o empresário e cliente vê com certa razão como inexperiente e até mesmo “amador” cobrando bem abaixo da tabela, temos no outro extremo o profissional gabaritado com tempo na profissão cobrando o preço justo pelo serviço como recomendado pelo mercado e demais profissionais e assossiações.
E entre eles? Bem povo, entra os micreiros, arquitetos, publicitários, entusiastas e todo aquele que recém baixou o “córeudrau” e já consegue alinhar um quadrado com um circulo e escrever algo “lindjo” dentro.
Então temos preços bem abaixo da tabela, preços entremeios e o topo de linha. Os empresários e empreendedores brasileiros com suas mentes (tacanhas) buscam o meio termo…
Olha lá nós jogando contra o patrimônio!
Antes de discutir preços…precisamos nos unir..tanto estudantes quanto profissionais sejam eles de quanto tempo forem!
Abraços!