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Vulva Gallery: Ilustrações mostram a beleza e a diversidade da vulva

Em 2011 publicamos aqui a grande parede de vaginas, agora quem teve o “insight” foi a holandesa, Hilde Atalanta que criou uma série de ilustrações para mostrar vulvas de todos os tipos, formas, tamanhos e cores.

O projeto é mais do que parece!
Segundo o site oficial diz que a arte é feita para que as mulheres entendam que, independente do tamanho, cor ou forma, sua vulta é única, especial, e que se deve amar do jeitinho que ela é. Mostrar as pessoas que elas não devem querer uma mudança em seus corpos por causa da publicidade, da internet ou da pornografia. A galeria chama atenção sobretudo para as cirurgias plásticas, como a lábioplastia, conhecida também por ninfoplastia que consiste na redução dos pequenos lábios vaginais.

Além disso, a autora também quer mostrar que há diferentes tipos de corpo, em tantas formas, tamanhos e cores e todo tipo de gênero, já que ter uma vulva hoje em dia não define o seu sexo.

https://www.instagram.com/p/BM9Ey4PDE-q/

https://www.instagram.com/p/BNEEe-qDBmF/

https://www.instagram.com/p/BNKWoQajed9/

Vagina ou Vulva?
A razão para usar a palavra vulva em vez de vagina é que a vagina é apenas a parte interna dos genitais femininos. A vulva é constituída pela parte externa dos órgãos genitais: o mons pubis, os lábios maiores e os pequenos lábios, o clitóris e o capuz do clitóris, o bulbo do vestíbulo, o vestíbulo vulvar, o meato urinário, as glândulas vestibulares maiores e menores, o vaginal Abertura, fenda pudenda, glândulas sebáceas, triângulo urogenital (parte anterior do períneo) e pêlos pubianos.

A galeria toda você consegue ver no https://www.thevulvagallery.com

Design Cabe no Rio

Design Cabe no Rio é um projeto de concientização do Design como uma das ferramentas de desenvolvimento do no cenário carioca que há alguns anos vem se utilizando de novas disciplinas para gerar novas soluções para a cidade.

A intenção do projeto é mostrar sob a perspectiva estudantil, passando pelos âmbitos político, acadêmico, profissional e pessoal, esse novo momento em que o Rio de Janeiro está inserido. Fala também da valorização de novas disciplinas pelo poder público e pela própria sociedade, que termina com uma análise comparativa do campo que aponta certas fraquezas e pontos fortes que o Rio apresenta para o design e pontua certas mudanças para realizarmos nossas metas.

Entrevistados:

// Paula Camargo — Gerente de Design / Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro / Secretaria Municipal de Cultura / Subsecretaria de Patrimônio Cultural, Intervenção Urbana, Arquitetura e Design
// Gilberto StrunkDia Comunicação
// Fred Van Camp — ESDI-RJ (Escola Superior de Desenho Industrial do Rio de Janeiro)
// Janara Morenna — Designer
// Fábio Palma — Diretor IED-RJ

Entrevista: Jamile Tormann – iluminadora

Apresento aqui uma entrevista que a Jamile Tormann (iluminadora) concedeu ao meu blog.

Para quem desejar conhecer mais de seu trabalho, visite o site dela, sempre recheado de informações e novidades.

Segue a entrevista:

Jamile, fale um pouco sobre a sua formação e início de carreira.

Trabalho há 21 anos com iluminação. Tornei-me iluminadora graças à minha fada madrinha, Marga Ferreira, que desde os meus seis anos, me levava para os teatros gaúchos todos os finais de semana. Minha escolha profissional teve influência também em minha mãe, que foi professora de artes dramáticas, em meu pai, que chegou a ser editor de revistas, meu irmão que sempre me incentivou e por muita gente que sem saber passou por mim, e me influenciou no jeito de ver “luz”, de conceber, de agir, de pensar e de ser. Como diz Kafka: “somos a quantidade de pessoas que conhecemos”. Com 14 anos me tornei assistente de iluminação de João Acir de Oliveira, então chefe do Teatro São Pedro e, entre separar um filtro e outro, meu interesse pela área cresceu. Hoje, moro em Brasília, realizo projetos de iluminação cênica e arquitetural, sempre executado por equipes das empresas atuantes no mercado, supervisionadas por minha equipe. Como pesquisadora, investigo há seis anos a educação profissional no mundo produtivo da iluminação, com o objetivo de atuar no processo de formação, bem como de encontrar subsídios para desenvolver minha proposta de regulamentação profissional no Brasil, junto à Câmara Legislativa.

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Sou sócio-fundadora de duas associações: A Associação Brasileira de Iluminação (ABIL) e a Associação Brasileira de Iluminação Cênica (ABrIC). Coordeno o curso de especialização em Iluminação e o Master em Arquitetura, ambos do Instituto de Pós-Graduação (IPOG). Cursei Arquitetura e Urbanismo, no Rio de Janeiro, e Licenciatura Plena em Artes Visuais, em Brasília, tenho pós-graduação em Iluminação, mestrado em arquitetura.

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Quais as principais dificuldades encontradas nesse início? Como as superou?

O problema, desde sempre, foi a ausência da regulamentação da profissão de iluminador.  O governo necessita deste olhar mais apurado e urgente sobre o assunto para colocar ordem na casa. Fala-se tanto em eficiência energética e etiquetagem de edifícios, sabe-se que a economia gerada pelo entretenimento é a quarta maior do mundo, que sem luz não vivemos, e ainda assim não sabemos qual profissional estará de fato qualificado para atender estas demandas e lidar com a tecnologia de ponta que nos invade a cada dia. Quem sabe projetar com luz ? Ser projetista de iluminação é ser responsável por direcionar o olhar do outro. É ser um alfabetizador visual. É oferecer conforto luminoso para todos que quiserem nos contratar e usufruir deste prazer necessário. No entanto, ainda não há esse reconhecimento e nossa profissão sequer consta na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO, do Ministério do Trabalho). Somos aquele item “outros” para a lei e para os formulários que preenchemos quando, por exemplo, fazemos um check in nos hotéis. Essa é uma das razões para eu realizar uma pesquisa, por meio do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, sob a coordenação da professora doutora Cláudia Naves Amorim. Esta pesquisa pretende revelar qual a importância do profissional de iluminação, sua trajetória, área de atuação, organização, atribuições, condições de trabalho e formação profissional e, ainda, se o mercado está apto a recebê-lo. A pesquisa será a base para a elaboração do projeto de lei que pretende regulamentar o setor e será apresentado à Câmara dos Deputados pelo deputado federal Luiz Paulo Velloso Lucas (PSDB/ES).

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A falta de formação do profissional de iluminação e a falta de uma metodologia de projeto, com uma linguagem unificada, são duas coisas que sempre me incomodaram muito desde o inicio. Busco desafios e tento abrir o mercado de trabalho para os que estão se formando, pesquisando e estudando, pois o empirismo acabou nos anos 90 e precisamos dar um basta a ele.

Jamile, você que também trabalha diretamente com educação, sendo coordenadora e professora do curso de pós em iluminação do IPOG, como vê a formação em iluminação nos cursos de superiores (não pós) existentes no Brasil? Falta alguma coisa?

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Não há exigência de diploma para que iluminadores/lighting designers, eu chamo “projetistas de iluminação”, possam exercer suas atividades. Não há cursos regulares de iluminação, mas sim cursos livres, esporádicos, inclusive oferecidos por empresas de iluminação.

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Os interessados devem procurar estágios com profissionais que tenham escritórios, em teatros, TVs, produtoras, lojas de iluminação, empresas de iluminação ou a indústria, para aprender na prática. Para quem tem graduação em outra área, já podem contar com os cursos de especialização em Iluminação que algumas Universidades oferecem em cidades como: Rio de Janeiro, Florianópolis, Brasília, Belo Horizonte, Manaus, Belém, Campo Grande, Cuiabá, Curitiba, Londrina, Fortaleza, Salvador, Aracaju, João Pessoa, Natal, Vitória, São Paulo, Florianópolis e São Luiz. Tais cursos trazem em sua grade excelentes profissionais e docentes, com uma boa proposta pedagógica e de especialização para o profissional voltar ao mercado de trabalho com formação adequada.

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Uma proposta de curso, em nível superior, poderia criar diferenciais para se crescer na profissão, seja pela aquisição de um conhecimento objetivamente sistematizado, isto é, para aplicação na vida prática do mundo produtivo, seja pela inserção do profissional no campo da pesquisa, que ainda é quase inexistente no Brasil. Eu apresentei um projeto de graduação em iluminação em 2006 mas ao longo de minha pesquisa descobri que falta mesmo é função técnica, de nível técnico, no mercado. Temos deficiência de profissionais qualificados em executarem nossos projetos. Profissionais que saibam ler o que está nas plantas e ser reconhecido como tal. Espero que a pesquisa e a regulamentação da profissão, possam ajudar a modificar para melhor o cenário da formação do profissional em iluminação, no Brasil, com o apoio da indústria, das empresas e dos profissionais deste segmento.

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Pós -formação. Qual a importância disso na vida do profissional?

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Sabe-se que o mercado de trabalho, nos dias de hoje, vem exigindo dos trabalhadores níveis de formação cada vez mais altos, para que desenvolvam competências cada vez mais refinadas, exigidas pela complexidade que caracteriza a vida em sociedade.

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Segundo relatório da UNESCO para a Educação do século XXI (UNESCO, p. 1, 2002) a Educação Profissional no Brasil está mudando. O país alertou-se para o fato de que sua população economicamente ativa não pode permanecer com tão baixos níveis de escolaridade e de formação profissional.

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Nesse contexto, a educação profissional precisa proporcionar às pessoas um nível mínimo de competências que lhes possibilitem:
– Capacidade de adaptação a um aprendizado ágil e contínuo;
– Flexibilidade na aprendizagem;
– Domínio das novas tecnologias, incorporadas ao mundo do trabalho e ao conhecimento humano;
– Refletir sobre o que diz Berger Filho, quando escreveu em 2002 sobre a educação profissional e o mundo produtivo, que “o princípio da educação profissional é o da empregabilidade, pois não adianta formar pessoas para um mercado que não existe.

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O mercado existe e isso explica meu esforço para com a educação profissional.

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Hoje existem cursos de pós-graduação em iluminação, e o acesso ao conhecimento está mais fácil do que há 10 anos. A troca de informações entre os profissionais também melhorou bastante. Existe uma demanda grande no mercado de iluminação para profissionais capacitados e, nesse sentido, se o profissional quer sobreviver ao mercado, precisa se especializar. Não tem para onde correr.

Com relação ao mercado de trabalho, percebo que fora dos grandes centros, a resistência do mercado a projetos de Lighting Design ainda é grande. O que vemos na maioria das vezes é a aplicação daqueles “splashes” de luz colorida. Qual a situação atual e as perspectivas para o Lighting Design aqui no Brasil fora dos grandes centros?

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O fazer iluminação evoluiu e transformou-se no mundo produtivo, mas não tão rápido e nítido como os equipamentos de iluminação disponíveis atualmente no mercado. A razão disto está ligada ao fato de que o material humano não é tão maleável como a aparelhagem técnica. (ROUBINE, 1998, p.182).

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Quando o assunto diz respeito aos profissionais de iluminação, o ato de intervir no espaço com a luz agrega um conjunto de ações que resultam no ato de iluminar, ato sujeito às especificidades de cada situação (local, prazos, objetivos, espaço, estrutura física, outros profissionais envolvidos, tipos de equipamentos, materiais disponíveis, nível de conhecimento do projetista de iluminação (lighting designer) sobre o “objeto” que vai iluminar). Ser um profissional de iluminação significa pertencer a uma categoria com funções determinadas pela natureza do trabalho e conhecimento na área, que não pode se desvincular do desenvolvimento tecnológico da área e das áreas multidisciplinares com as quais é necessário dialogar.

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O cenário de iluminação no Brasil, muitas vezes, apresenta uma dicotomia: de um lado profissionais com muita prática e sem o aprendizado teórico, e outros com muita formação teórica e nenhuma prática.

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Não se trata aqui de julgar ou atribuir valores aos tipos de formação existentes, mas, antes, questionar o que seria necessário ou suficiente em termos de formação profissional. O que está na pauta, atualmente, nas reflexões que busco nutrir juntos aos pares, junto aos alunos, por exemplo, é que o mercado de trabalho, de maneira geral, vem buscando cada vez mais o profissional com conhecimento específico, aprimorado e atualizado. Em suma, alguém com desenvoltura artística e técnica, prática e teórica. Principalmente em virtude dos avanços tecnológicos e dos altos custos dos equipamentos de iluminação, bem como a sua manutenção.

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Como o debate gira em torno de formação profissional, ou, ainda, a educação profissional e a sua relevância para as demandas do mundo produtivo, que são grandes, seria o caso de reconhecer o valor de uma formação que compreenda, no objeto de estudo, a prática e a teoria como fatores indissociáveis e complementares. Pois a teoria precisa estar vinculada à prática e esta, muitas vezes, precisa recorrer à teoria para obter respostas e soluções.

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Assim, para que isto seja viável, entretanto, o mercado de trabalho precisa se adequar e promover as adaptações que se mostrarem necessárias para responder ao conjunto de necessidades que estiverem em jogo, seja por parte do empregador, seja por parte do novo ou antigo profissional.

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A demanda é grande em centros urbanos mais populosos, mas fora deles não existe ainda a cultura de se contratar um profissional de iluminação. Muitas pessoas sequer sabem da nossa existência (profissional com formação acadêmica e pós-graduado) e quando sabem, por se tratar de algo ‘novo’, muitas vezes não querem pagar o valor que cobramos.

Quais pontos falham nesse sentido e que medidas poderiam ser tomadas visando o reconhecimento da profissão fora dos grandes centros?

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Neste contexto de idéias que citei anteriormente, é necessário promover ajustes no espírito de um novo paradigma: a educação profissional do projetista de iluminação (lighting designer). Valorizar-se o estudo, o aperfeiçoamento, a teoria e a prática – o conhecimento cientifico (realização de pesquisas) em diálogo com o conhecimento adquirido empiricamente, situações de ensino e aprendizagem em favor do profissional, em favor da produção artística, em favor do mercado. Penso que há muita demanda de trabalho, mas os profissionais e o mercado de trabalho estão mais preocupados em resolver o agora e não a sustentabilidade do mercado e do profissional qualificado. É difícil o reconhecimento deste profissional fora dos grandes centros, pois as grandes indústrias estão nas grandes capitais brasileiras. No entanto, creio que o reconhecimento, por meio de lei, da nossa profissão, ajudará muito. Os profissionais também precisam se reconhecerem e compreenderem que pertencem a um núcleo de profissionais ou a uma categoria profissional.

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Uma mostra pública – como a Luminalle, Fête dês Lumières, etc – não tornaria mais fácil a visualização por parte do mercado da diferença entre o trabalho do Lighting Designer especializado do daqueles profissionais com apenas a carga horária acadêmica de sua formação universitária? Quais as possibilidades disso acontecer aqui no Brasil mesmo que em menor porte que estas internacionais?

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No Brasil já existem alguns eventos específicos, prova de que já existe um vasto mercado nessa área e público para essas mostras. Um exemplo é a Expolux, que já está indo para a 13ª edição e a Lighting Week Brasil, que acontecerá em São Paulo, no mês de setembro de 2010. Os organizadores precisam investir no material humano e a indústria precisa investir em pesquisa. O que se tem feito é marketing cultural e não cultura de disseminação em iluminação tampouco eventos de cunho científico.

“A aplicação de elementos cênicos na iluminação arquitetural” ou “A iluminação hoje em dia tem um caráter cênico”. Frases desse tipo já caíram nos discursos de profissionais não especializados na tentativa de trazer para o seu trabalho um valor a mais. Eu particularmente não percebo o Lighting Design presente nos projetos de grandes nomes da arquitetura e Design de Interiores (nacionais e locais) e sim apenas uma iluminação melhorzinha – esteticamente falando – que a anterior. Quais os pilares que o projeto deve estar alicerçado para poder realmente ser considerado um projeto de Lighting Design?

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Meu processo de desenvolvimento de projetos é sempre criar o espaço a partir da luz, encontrar a função e o significado da luz naquela obra de arte, objeto ou espaço que estou iluminando, contar uma história com ela, depois analiso os recursos que tenho disponíveis e quais podem me auxiliar a contar esta história.  Ou seja, só depois parto para as especificidades de cada situação (local, prazos, objetivos, espaço, estrutura física, outros profissionais envolvidos, tipos de equipamentos, materiais disponíveis). Neste caso, creio que os principais fatores que devem ser levados em conta são:

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1º. – cuidado e atenção. Tento pensar em várias possibilidades e achar soluções eficientes para aquele projeto. Pois não existe uma solução e sim uma para cada projeto. Projetar em escala e fazer o que está ao nosso alcance, com os pés no chão. Projeto que não é executado é sonho, não é realidade. A realidade, ou seja, a implantação do projeto de luz é que nos permite fechar o círculo infinito da criação, da contemplação, da reflexão, da mudança.

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2º. – observar onde o projeto estará inserido, sob que contexto, que cultura. Que tipo de espectador ou usuário estará se apropriando dele, o quanto o usuário se apropria, o quanto este compreende os seus signos e valores, o quanto aquela luz é importante no cotidiano de vida dele. Eu acredito que a luz influenciou e influencia até hoje a vida e o comportamento das pessoas. Gosto de projetar pensando nestas questões e o quanto posso intervir e interferir neste percurso.  Procuro conhecer as pessoas, tento me familiarizar com o “modus operandi” delas.  Observo muito e fico calada. Depois, troco idéias com quem me contratou para projetar e tento trabalhar dentro da realidade local, agregando valor àquela cultura, através da iluminação.

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Concordo com o Lighting Designer mexicano Gustavo Avilés, quando diz que “a luz pode ser considerada um elo entre aspectos subjetivos e objetivos da humanidade, pois funciona como mensageiro visual que permite ao ser humano fazer diversas correlações, como medidas lineares, volumes, área, geometria, contagem do tempo, outros eventos”.

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3º. – projeto coerente ao orçamento, para que possa ser realizado integralmente.

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E por fim – a escolha dos equipamentos (abertura de facho, desenho do facho, alcance em metros da luz, potência de luz – lumens – e temperatura de cor), em virtude dos fatores supramencionados.

Finalizando, sobre a ABIL. Como e porque surgiu esta associação?

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A ABIL é uma associação, cultural e social, sem fins lucrativos, que surgiu para desenvolver o conhecimento da luz no âmbito nacional, criando assim uma cultura da luz.  Nossa missão é oferecer cursos, organizar palestras, organizar simpósios e mostras, que visam à divulgação da produção mundial das técnicas e arte de iluminar. Editar ou reeditar publicações nacionais e estrangeiras. Disponibilizar informações sobre assuntos luminotécnicos e afins de maneira mais eficaz. Mas a correria do dia-a-dia tem nos impedido de sermos mais eficientes como gostaríamos. Mas isso não anula os motivos que deram origem à Associação Brasileira de Iluminação (ABIL), isto é, a paixão pela iluminação em suas diversas linguagens e inserção no ambiente onde o ser humano interage. Já arcamos do próprio bolso a vinda de profissionais da França, Estados Unidos, Argentina, Chile, Áustria, Alemanha, além dos profissionais residentes nas várias cidades brasileiras. Tudo isso para mobilizar idéias, compartilhar experiências, produzir uma cultura da iluminação e consolidar a profissão. Nesse sentido, quero lhe parabenizar, Paulo Oliveira, por sua gestão na proliferação da cultura da iluminação, quando idealiza a realização de entrevistas com profissionais, quando administra um blog chamado Design: Ações e Críticas. Precisamos de mais pessoas como você. Obrigada.

12ª Mostra Design IF-SC

 

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Acontece nos dias 18, 19 e 20 de março, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IF-SC), antigo CEFET/SC, a 12ª Mostra de design IF-SC.

Nesta edição o evento traz o tema “O Papel do Consumidor na Produção de Design” a ser trabalhado em palestras, mesa-redonda e oficinas.

O evento, que tem como principal objetivo promover a discussão sobre a relação entre designer e consumidor e como ambos se influenciam, contará ainda com a exposição de trabalhos dos acadêmicos do curso de Design de Produto do IF-SC e outras atividades.”

A Mostra Design é um evento semestral realizado pelos estudantes de Design de Produto do curso do IF-SC. Nesse evento são apresentados os projetos e idéias de um curso que é vanguarda no modelo pedagógico e que nos tem dados muitas contribuições acadêmicas [vide a quantidade e qualidade de publicações no 8º P&D Design]. 

Possui semelhança com diversos outros eventos de design [no sentido estrutural], mas acredito que seu principal diferencial esteja na regularidade do evento [uma exposição semestral], no relacionamento professores -estudantes e no envolvimento estudantil nas atividades: mesmo a mostra acontecendo, agora, como parte de uma Unidade currícular do ultimo módulo do curso, os estudantes já nem lembram disso, o que os motiva está muito acima dessa frivolidade, eles são apaixonados pelo curso e pelas idéias que querem compartilhar, discutir… se me permitem, mostrar.

Pra esse semestre a promessa é dar uma ênfase na qualidade dos projetos apresentados para que se tenha uma interface maior com o empresariado, assim, não esperem nada menos que o excelente do curso sendo exposto. Além disso, procura-se discutir aspectos relacionados à participação fundamental do consumidor no desenvolvimento de projetos e a partir dessa idéia, provoca-se: Projetar pra que? Pra quem? e Por que? Mais do que mostrar, eles querem falar, e principalmente ouvir.

O projeto está sendo desenvolvido dentro dos processos do PMBook com o auxilio de outros frameworks, métodos e ferramentas: Scrum, DotProject, etc. 

18 a 20 de Março – quarta, quinta e sexta. Mais informações sobre como participar: http://www.mostradesign-ifsc.com.br/12/

 

Mauro Alex Rego é o professor/colega mais orgulhoso jamais visto.

Uma análise da quantidade de faculdades de Design no Brasil

Há algum tempo eu tenho a curiosidade de saber quantas faculdades de design existem no Brasil, quais são os tipos de curso oferecidos, em quais cidades e regiões. Lendo um post no site DesignBR (obrigado Marcia Nassrallah!), eu descobri um link (http://www.educacaosuperior.inep.gov.br/funcional/busca_curso.stm) que aponta para um site do Governo Federal que tem essas informações. Eu fiz uma busca por faculdades que tivessem a palavra Design ou Desenho Industrial no nome e tirei da lista os cursos de Design de Interiores e Moda. Incluí apenas os cursos de Design Gráfico, Design de Produto, WebDesign, Design de Jogos, Design de Animação e Design de Interfaces. A listagem às vezes parece confusa, com algumas faculdades oferecendo cursos de Design e Desenho Industrial ao mesmo tempo. Eu tentei limpar a listagem final, para tornar os resultados mais confiáveis, mas os dados finais ainda não são 100% confiáveis, de modo que são apenas uma estimativa aproximada. O resultado da análise pode ser visto a seguir.

Análise

O total de cursos de Design no Brasil, segundo as estatísticas do Ministério da Educação, é de 336.

No Brasil há 100 cidades que possuem faculdades de Design, sendo que o município com a maior quantidade de cursos superiores de Design é São Paulo, com 66, seguido pelo Rio de Janeiro (19), Curitiba (18), Florianópolis (11), Salvador (9) e Belo Horizonte (9). As demais cidades, tem 8 faculdades ou menos.

Em termos de estado, São Paulo também possui a maior quantidade de faculdades que ensinam design (122 faculdades), seguido de Santa Catarina (42), Rio Grande do Sul (36), Rio de Janeiro (24), Paraná (24), Minas Gerais (16) e Pernambuco (10), para citar apenas alguns. Outros estados tem menor quantidade de instituições, como é o caso do Mato Grosso do Sul (1), Alagoas (1), Roraima (1), Sergipe (1), Rio Grande do Norte (2), Amapá (2), Paraíba (3) e Maranhão (3). Portanto nota-se que há uma grande concentração de faculdades de design no sudeste e sul do país, e poucos cursos disponíveis no Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

No Brasil o Design (incluindo Design Gráfico e Produto juntos) é o curso de design mais ofertado pelas instituições, somando um total de 151 opções disponíveis. Em segundo lugar vem o Design Gráfico (110), seguido de Design de Produto (46), WebDesign (21), Animação (2), Design de Interfaces (1), Design de Jogos (1) e Gestão do Design (1). Visto que as interfaces digitais crescem a cada dia, seja por causa da Internet ou mesmo dos celulares, percebe-se que essa é uma área pouco atendida pelas faculdades de design no Brasil.

Se fizéssemos uma projeção por baixo, estimando que cada um dos 336 cursos formasse 40 designers por turma, teríamos um número de 13.440 profissionais formados por ano. Numa projeção média, se cada curso formasse 60 alunos, teríamos 20.000 novos designers. Para fins de comparação, os Estados Unidos formam 40.000 designers gráficos por ano e a China forma 1 milhão de designers (tanto gráfico quanto produto) nesse mesmo período.

Quando comparamos a quantidade de cursos superiores de design, com o de outras áreas, podemos perceber que temos mais faculdades de Design do que de Jornalismo, Arquitetura, Filosofia, Odontologia, Biologia, Relações Públicas e Fonoaudiologia. Mas ainda temos menos cursos do que Administração, Engenharia, Ciências Contábeis, Direito, Psicologia, Farmácia, Medicina, dentre outros (veja a tabela a seguir).

Curso

Quantidade

Administração (incluindo marketing)

3.424

Engenharia

2.023

Letras

1.309

Física

1.158

Ciências Contábeis

1.098

Direito

1.094

Matemática

899

Educação Física

844

Enfermagem

751

Turismo

714

Psicologia

585

Computação

567

Farmácia

523

Medicina

512

Fisioterapia

510

Design (incluindo moda e interiores)

463

Jornalismo

368

Arquitetura

220

Filosofia

208

Odontologia

204

Biologia

201

Relações Públicas

127

Fonoaudiologia

115

Isso gera algumas perguntas:

Porque áreas com menor quantidade de profissionais formados, como arquitetura, odontologia e fonoaudiologia já são regulamentadas?

Se formos comparar as faculdades de Design com as de Fisioterapia, formamos em ambas quase a mesma quantidade de profissionais por ano (18 mil para design, 20 mil para fisioterapia, aproximadamente). Por que os fisioterapeutas conseguiram a regulamentação, mesmo brigando com a turma da medicina (e o famoso ato médico), ou competindo com milhares de “massoterapeutas” que alegam fazer tratamentos como eles? Hoje, pela Lei Federal, para virar um paciente de posição, num leito de UTI, é preciso chamar um fisioterapeuta, pois esse tipo de manobra pode trazer danos ao paciente. Se eles conseguiram se impor até mesmo em detalhes como este, porque os designers não conseguem fazer o mesmo?

Até mesmo na área da psicologia, que pode ser considerada tão subjetiva quanto o próprio design, eles conseguiram se regulamentar e definir sua área de atuação. Porque o design não consegue o mesmo?

Gostaria de ouvir os comentários de vocês, sobre esses resultados, e trocar idéias sobre a situação em que se encontra o ensino do design no Brasil. Aqueles que tiverem interesse em receber a planilha Excel com os dados, podem me solicitar por email ([email protected]).

Curso: DESIGN E INOVAÇÃO SOCIOAMBIENTAL

 

O curso irá analisar a produção de produtos definidos como eco-design, desde a utilização de recursos naturais, seguindo padrões internacionais e critérios sócio-ambientais em micro e pequenas empresas. Por meio da apresentação de cases de sucesso, o aluno irá atualizar seus conhecimentos para aplicar o design como diferencial em uma produção artesanal e empresarial.

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Vai seguir vida academica ou trabalhar na área?

Após entregar o TCC, essa foi a primeira pergunta que me fizeram. O curioso não é a dicotomia entre a academia e a atuação como designer, mas o fato de parecer que “seguir vida academica” não seja trabalhar na área, ou mesmo trabalhar: quem aqui nunca leu algo como “este evento destina-se a estudantes, professores e profissionais”. Claro que isso se trata de uma mera convenção idiomática, mas é notável a distância que existe entre os mundos “academico” e de “mercado”.

No ultimo P&D entrevistei dois profissionais que transitam entrem os mundos e pode-se notar que o afastamento dá-se por diversos aspectos, como tempo e rentabilidade. Ok, óbvio. Na acadêmia o processo é menos dinâmico a exigência é mais teórica e não se ganha muito (em tese]. No mercado, não importa muito quem foi o autor base, tem que se fazer aquilo rápido e a gosto do tal cliente. 

Essa dicotomia se acentua com os tais “profissionais fracassados”. Aqueles que sempre quiseram trabalhar com “tal coisa” mas que no fim das contas, passaram no concurso, ou como não acharam nada melhor, viraram professor. Um ato de irresponsabilidade. Quase um crime, eu diria. Mesmo sendo muito bons em determinado oficio,isso não implica em um bom professor, pois o melhor escritor pode não ser o melhor professor de portugues. 

Claro, temos bons mestres profissionais, desses que tem escritório e conseguem estreitar um pouco mais as relações entre os universos. Porém, por vezes, ele deixará de ser um dos dois em detrimento do oficio que mais lhe agrada, ou mais lhe paga. A exemplo, tive um professor que desaparecia em época de eleição, seja inicio, meio ou fim de semestre.

Mais um fato que detona essa guerra é que não existe no Brasil um curso de LICENCIATURA em Design. Ou seja, todo professor de Design precisa cursar uma pós-graduação que tenha disciplinas em dar aulas no Ensino Superior. Isso explica por que alguns dos grandes nomes do Design brasileiro (e mundial] nunca poderão dar aulas, pelo simples fato de não saberem nem o que é pedagogia: possuem muito conteúdo e nenhuma didática.

Quem mais sofre com essa situação são os alunos de escola particular. Após o curso ser reconhecido pelo MEC, os empresários tratam de demitir todos os doutores, mestres e afins para contratar graduados que aceitam receber pouco pra dar aulas. Compromisso pedagógico custa muito, e custo é o que eles querem cortar.

Sempre existem as tais exceções: graduados que dão aula melhor que doutores, profissionais que conseguem aplicar pesquisa cinetífica em seus escritórios, doutores que pesquisam novas soluções de mercado. E isso não é raro. A exemplo o Ari Rocha que sempre defende a pesquisa alinhada com a realidade, com soluções tangíveis e aplicáveis, não essas imediatistas e reprodutivistas, mas aquelas que costumamos chamar de INOVAÇÃO.

 

Mauro Alex é formado em Desenho Industrial pela UFBA e não tem talento pra fazer escolhas.

COMO FAZER MUSSOLINI?


No dia 12 marquei presença na Ilha do Mel no R Design Sul 2008, e percebi que tem gente que ainda não conhece o que é o Mussolini, e outros adeptos da bebida que gostam mas não sabem fazer. Então achei necessário uma aula…

O Mussolini é a bebida oficial dos designers, amplamente difundia em R’s e N’s e todas as outras letras do alfabeto que possam se relacionar a eventos sociais reunindo designers. Felizmente ela não só é gostosa como tem uma aparência estética agradável (é trifásica) e costuma deixar as pessoas BEM felizes (bebadas).


RECEITA COMPLETA:

Ingredientes:
– 80 ml de suco de laranja
– 80 ml de vodka qualquer
– 80 ml de vinho qualquer

Modo de Preparo:
Coloque 80 ml (dois dedos) de suco em um copo. Em seguida pegue o copo com os 80 ml de vinho e coloque um copo sobre outro dosando o vinho lentamente no copo de suco. Posteriormente os 80ml de vodka da mesma forma (lentamente). Não misture nem balance muito o copo com o drink. Faça o brinde e beba de uma única vez, sem deixar derramar, até o fim do copo.

Pra quem ainda não aprendeu, vai o vídeo passo-a-passo (inglês):



Agora quando forem fazer pode me convidar, eu digo se ficar bom.

Sociedade do Automóvel

Enquanto São Paulo se trava com uma média de 1,2 habitantes por carro e níveis de poluição dantescos acontece o 25° Salão do Automóvel. Assim, sem link que não merece.

Produzido por Branca Nunes e Thiago Beniccio, Sociedade do Automóvel é um documentário de 2004/2005 sobre as mazelas do uso desenfreado dessa solução de transporte que, bem, está longe de ser uma solução.

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Desenhistas de nada

Hoje enquanto almoçava, assistindo a TV vi uma triste passagem no quadro Vídeo Game. Dois casais foram chamados da platéia e as meninas teriam de fazer uma “tatoo” com canetinhas nos meninos. O tema escolhido foi TUBARÃO.

Foi de doer o resultado da brincadeira. Lamentável mesmo.

O que ficou claro ali e que facilmente percebemos no dia a dia no contato com alunos é que a educação de hoje em dia simplesmente vem destruindo qualquer capacidade de desenho que possa existir nos alunos. E a informática tem muita culpa nisso tudo.

Tanto em uma quanto na outra a visível falta de referências gráficas e pictóricas ficou claramente visível. Nenhuma foi capaz de expressar nem ao menos a conhecidíssima barbatana dorsal. Para piorar, tentaram desenhar o bicho inteiro.

 

Me lembro que no meu jardim de infância as professoras nos ensinavam a desenhar peixinhos usando como referência a letra L minúscula. Era fácil e ali aprendíamos que era possível intentar o peixe que quiséssemos.

Depois outras formas básicas nos eram ensinadas: nuvens, árvores, casinhas e pessoas “de palitinhos” e mais uma infinidade de formas que nos levaram facilmente a soltar o traçado, o risco, a mão.

A semiótica nos apresenta o mundo – que o vemos gráfico – de forma escrita e também por símbolos simples como o desenho simples de uma cadeira. Porém o que se percebe é que tanto os elementos da semiótica como, principalmente o de desenho parecem estar desaparecendo da educação.

É uma constante nos fóruns de Design e Arquitetura postulantes ao curso perguntando se tem de saber desenhar a mão. E a paúra dos THEs – as medonhas prévias?

A maioria opta por gráfico porque “tudo é feito no computador”. Alunos de séries iniciais reclamam quando o professor pede trabalhos à mão e, não difícil acontecer, alguns insistem em entregar os trabalho feitos no PC.

Muitos quando tentam entregar algo feito à mão deixam claro seu protesto e entregam trabalhos mais parecidos com garatujas.

O que acontece com o desenho?

Onde foi parar o desenho?

Onde foi parar a sensibilidade da análise, estudo e observação das formas, das referências, das estruturas?

Onde foi parar a capacidade dos professores do ensino de base em ensinar ao menos o básico do desenho?

Onde foi parar as garatujas que o ser humano foi um dia capaz de fazer?

Teremos de voltar à pré-história e, como primatas ainda não desenvolvidos, começarmos tudo do zero?

Será que é preferível agir como o Pequeno Príncipe e a sua “cobra que comeu o elefante”, diante dos clientes?

 

Tendências: muita calma nessa hora…

É bastante comum ver pessoas antenadas e correndo atrás das tendências lançadas nos maiores eventos mundiais, seja qual for o segmento: moda, decoração, novos produtos, dentre tantos outros. Enfim, sempre temos algo de novo, praticamente todos os dias.

Mas será que isso tudo tem realmente algo a ver com você usuário, seu estilo, suas necessidades, seus sonhos e expectativas?

Muitos clientes chegam até os profissionais com recortes de revistas (ou até mesmo várias delas inteiras) dizendo: é exatamente isso o que eu quero. Isso não só compromete negativamente a vida do profissional especializado como pode complicar a sua também.

Causa estranheza quando algum profissional de Design de Interiores/Ambientes, que passou por uma formação acadêmica bastante profunda e específica tanto na área técnica quanto na criativa, se submete a simplesmente “chupar” (copiar) um projeto seja lá de onde for. Isso tolhe a capacidade criativa do profissional. Ele tem habilidades e conhecimentos para muito mais que o simples copiar algo. E, com esta prática, fatalmente ele não vai conseguir responder à altura das suas expectativas pessoais.

(…)

Gostou?

Então leia o artigo completo no meu blog www.paulooliveira.wordpress.com

Este artigo foi escrito para próxima edição da Revista Mary in Foco, de Curitiba-PR.

Deus-igners, especulações e outras coisas perigosas…

Faculdades ensinam conceitos de design que não tem nenhuma comprovação, e não são questionadas por isso.
— “Usei a cor amarela no logo pois pesquisas mostram que essa cor dá fome. Prova disso é que o McDonald´s usa essa cor.”
Chute.
— “Usei o azul pois é uma cor que transmite confiança.”
Outro chute.
— “Coloquei o título em cima pois tudo o que fica em cima tem mais importância, afinal, os olhos sempre vêem a página de cima pra baixo, da esquerda pra direita.”
Mais um chute. E sem fazer gol.
É impressionante a quantidade de argumentos usados por alguns designers, diretores de arte e outros profissionais, que afirmam ter base para justificar suas escolhas. O “profissional” finge que entende o que faz. O cliente finge que acredita. Mas o consumidor não finge que compra e o usuário não finge que aceita.

De onde vem tudo isso?

Parte desse comportamento começa em algumas faculdades de Design. Ano após ano professores continuam repetindo aquilo que aprenderam quando eram alunos e que, só porque foi dito numa faculdade, ganhou status de “verdade absoluta”. “Ah, mas foi o professor quem falou!”. Está garantida então a continuidade dos achismos e especulações, que ninguém ousa criticar, ora porque ache que tudo que se ensine nas faculdades seja verdade ou porque não tenha outra referência para comparar e perceber a besteira que está sendo dita.

Os mitos se perpetuam

O resultado? Milhares e milhares de alunos saem repetindo ensinamentos ditos “verdadeiros” que não passaram por nenhuma validação e que não sobrevivem ao primeiro “mas você tem certeza disso?”.

Muitos designers saem repetindo fórmulas prontas do tipo:

  • “letras serifadas são mais fáceis de ler do que letras sem serifa, em textos longos”
  • “o olho vê a página num movimento diagonal do canto superior esquerdo para o canto inferior direito”
  • “a cor vermelha chama mais a atenção”
  • “o tamanho mínimo ideal de texto é corpo 10 a 12”
  • “a melhor resolução para impressão de imagens é 300 dpi”

(pra quem se interessa em saber porque isso são mitos, as referências estão citadas no fim deste artigo)

Mas a regra mais importante não é ensinada. Aquela que diz que “tudo depende”. Todas essas afirmações citadas são questionáveis e carecem de fundamento.

Por que fazemos vista grossa?

Mas admitir essa falha significa também admitir que todas aquelas justificativas dadas pelos designers aos clientes, pelos alunos aos professores, pelos professores aos alunos, na verdade não passam de pura especulação, mera suposição.

Quais as consequências? Imagine se anestesistas dissessem para cirurgiões: “eu acho que a paciente aguenta 500 ml disso”. Ou se um dentista dissesse para o paciente que não tem certeza, mas acha que é melhor arrancar todos os dentes. Enfim, se apoiar em mero achismo gera insegurança e falta de confiança no profissional. Afinal, ele é pago para ter segurança no que diz, e não demonstrar incerteza.

Toda vez que um designer vai tentar justificar uma decisão e não consegue, o cliente fica convencido que tudo não passa de intuição, gosto pessoal. E gosto por gosto, o cliente prefere ficar com o dele próprio, pois ele não vai confiar os rumos do seu negócio numa decisão que mais parece uni-du-ni-tê do que uma escolha com base sólida.

Eu sou o senhor do conhecimento

Muitos designers podem pensar que eles tem mais capacidade que um cliente para decidir pois:

  • são formados numa faculdade
  • leram um livro sobre o assunto
  • tem mais experiência para decidir
  • possuem um “feeling” para a coisa
  • receberam um dom de Deus.

Só que:

  • o fato de ter sido ensinado numa faculdade não é garantia de que o conhecimento é válido,
  • estar escrito em um livro também não é certificado de validade,
  • a experiência do designer não é prova de que os casos que ele vivenciou se aplicam a tudo e possam ser generalizados,
  • basear-se em “feeling” (intuição) é pura especulação e em muitos casos é apenas uma desculpa para se colocar numa posição superior aos outros, alegando ter uma capacidade especial que poucos têm, um talento dado por Deus.

Ainda existe a cultura de que os designers, arquitetos, diretores de arte, tem uma capacidade especial, quase mística, de gerar soluções ideais, sem precisar justificar suas decisões. Essa é a visão do designer autoral, aquela pessoa que assina sozinha um projeto inteiro. Num trabalho em equipe, como a multimídia e o cinema, esse modelo está em desuso. Em ambientes multidisciplinares, com profissionais de diferentes competências, a postura do designer-deus se torna um problema e dá margem para conflitos.

O designer seria muito beneficiado se não aceitasse prontamente qualquer “vento de ensino” e procurasse ter uma visão crítica a respeito daquilo que é considerado “verdade” mas se configura como mera repetição da repetição da repetição de algo que se ouviu dizer que alguém falou.

O que fazer?

Algo que pode ser útil como ponto de partida para esse questionamento, é o que o gestaltismo prega quando diz que “o todo é mais que a soma das partes” ou que “se uma parte muda, a percepção do todo pode se modificar”. Em poucas palavras, isso quer dizer que muitas regras ensinadas nas universidades não valem para TODAS as situações, pois a mudança de um único detalhe pode implicar em mudanças no quadro geral.

Dizer que pontos vermelhos chamam a atenção e transformar isso em regra, por exemplo, desconsidera um princípio geral: “TUDO DEPENDE”. Um ponto vermelho chama a atenção num fundo branco. Mas e se o fundo também for vermelho? E se o fundo for preto? E se isso for visto de noite, sob a chuva forte? Depende, tudo depende.

Portanto, abrir os olhos e não aceitar prontamente tudo que nos ensinam pode gerar um movimento positivo a favor do aprimoramento do design. Na medicina, muitos precisaram morrer para que médicos questionassem alguns mitos. No design não é diferente. Enquanto não procurarmos fundamentos sólidos nos quais apoiar nossas escolhas e argumentos, alunos continuarão sem entender porque tiraram zero, clientes continuarão com dificuldades para confiar em nós e, não menos importante, o design demorará a alcançar o respeito que a profissão merece.

PS: Vale a pena ler o post do Luiz Pizzani a respeito do Pop-Design, é divertido e esclarecedor.

Referências (a pedidos ;))

Se você quiser formar uma opinião sobre os tais mitos, consulte a bibliografia apontada a seguir:

Mito 1 – “letras serifadas são mais fáceis de ler do que letras sem serifa, em textos longos”

  1. Arditi, A. e J. Cho. Serifs and font legibility. Vision Research, v.45, n.2005. 2005.
  2. Kinross, R. Modern typography: An essay in critical theory. London: Hyphen Press. 1992
  3. Kostelnick, C. The rhetoric of text design in professional communication. The Technical Writing Teacher, v.17, n.3, p.189-202. 1990.
  4. Lund, O. Knowledge Construction in Typography: the Case of Legibility Research and the Legibility of Sans Serif Typefaces. Teses de doutorado não-publicada, Department of Typography & Graphic Communication, The University of Reading. 1999.
  5. Schriver, K. A. Dynamics in document design: John Wiley & Sons. 1997
  6. Tinker, M. A. Legibility of print: Iowa State University Press, Ames. 1963
  7. Warde, B. The Crystal Goblet: Sixteen Essays on Typography: World Pub. Co. 1956
  8. Watts, L. e J. Nisbet. Legibility in children’s books: a review of research. Windsor: NFER Publishing Company, Ltd. 1974
  9. Wheildon, C., Ed. Type and layout: How typography and design can get in your message across – or get in the way. Berkeley: Strathmoored. 1996.
  10. Wrolstad, M. Methods of research into legibility and intelligibility. In: J. Dreyfus e R. Murat (Ed.). Typographic Opportunities in the Computer Age. Prague: Typografia, 1970. Methods of research into legibility and intelligibility, p.36-41

Mito 2 – “o olho vê a página num movimento diagonal do canto superior esquerdo para o canto inferior direito”

  1. Barry, A. Visual Inteligence: Perception, Image and Manipulation in Visual Communication. Albany: State University of New York. 1997
  2. Hoffman, D. Visual Inteligence: How We Create What We See. New York: Norton & Company. 1998
  3. Kostelnick, C. The rhetoric of text design in professional communication. The Technical Writing Teacher, v.17, n.3, p.189-202. 1990.
  4. Netto, J. T. Semiótica, Informação e Comunicação. São Paulo: Perspectiva. 1999
  5. Schriver, K. A. Dynamics in document design: John Wiley & Sons. 1997
  6. Siqueira, N. Laboratório da Forma. Dissertação de Mestrado não-publicada, Departamento de Artes Visuais do Instituto de Artes da UnB. Brasília, 2006.
  7. SMITH, F. Compreendendo a leitura. Porto Alegre: Artes Médicas. 2003
  8. Tiski-Franckowiak, I. Homem, Comunicação e Cor. São Paulo: Ícone. 2000
  9. Wong, W. Princípios de forma e desenho. São Paulo: Martins Fontes. 1998

Mito 3 – “a cor vermelha chama mais a atenção”

Leia a explicação completa.

Mito 4 – “o tamanho mínimo ideal de texto é corpo 10 a 12”

  1. Elements of Typographic Style. Elements of Typographic Style: Hartley & Marks Publishers. 1992
  2. Frascara, J. Optometry, legibility and readability in information design. Information Design International Conference 2003. Recife: SBDI 2003.
  3. Iida, I. Ergonomia: Projeto e Produção. 1997 (São Paulo: Edgard Blücher)
  4. Lupton, E. Thinking with type: a critical guide for designers, writers, editors, & students: New York: Princeton Architectural Press. 2004

Mito 5 – “a resolução correta para imagens de alta qualidade é no mínimo 300 dpi”

  1. Barry, A. Visual Inteligence: Perception, Image and Manipulation in Visual Communication. Albany: State University of New York. 1997
  2. Frascara, J. Optometry, legibility and readability in information design. Information Design International Conference 2003. Recife: SBDI 2003.
  3. Hoffman, D. Visual Inteligence: How We Create What We See. New York: Norton & Company. 1998
  4. Iida, I. Ergonomia: Projeto e Produção. 1997 (São Paulo: Edgard Blücher)
  5. Marin, J. e J. Shaffer. The PDF Print Production Guide. Graphic Arts Technical Foundation, Sewickley, Pennsylvania, v.257.
  6. Peduzzi, K. But Will It Print?: Prepress File Requirements Every Graphic Designer Must Know But Won’t Learn in School: BookSurge Publishing. 2006
  7. Pender, K. Digital colour in graphic design: Focal Press Boston. 1998
  8. Pipes, A. Production for Graphic Designers: Laurence King Publishing. 2005