DBA 98 Biodegradable Pen from DBA on Vimeo.
Sempre que leio sobre DT tenho vontade de perguntar: De que tipo de Design Thinking estamos falando? As formas de pensar design tem mudado desde a Revolução Industrial. Primeiro, o design serviu à indústria, criando artefatos adequados à produção em escala – o DCT (design centrado na tecnologia). Isto não significa que o ser humano era desconsiderado na prática projetual. Design é por definição uma prática humanista. Porém, neste mindset, o principal aspecto considerado na concepção de produtos eram (são) as tecnologias existentes. O ser humano (e o projeto) deve então adaptar-se ao que é possível ser feito por determinado maquinário.
Com o tempo, o próprio desenvolvimento tecnológico ampliou as possibilidades de produção de bens, permitindo enorme variedade de designs. Então, veio o DCU (design centrado no usuário) defendendo que as decisões projetuais devem ser guiadas pelos fatores humanos. Neste caso, não se deve projetar com base em suposições de comportamentos, mas observando as pessoas em seu real contexto de uso dos produtos de design. Isto implica em um processo iterativo de projetação, onde os dados colhidos em cada etapa validam ou não as suposições. Quando se fala em Design Thinking hoje, na maioria das vezes, estão falando deste o modelo de solução de problemas, aplicado na solução de problemas sociais e de negócios.
No entanto, se queremos fazer alguma diferença no mundo, agora que os refletores estão sobre nossa profissão, devemos problematizar este mindset. Não podemos ignorar que somos responsáveis pela crise ambiental. Que nossas decisões irresponsáveis e levianas tiveram e continuam tendo grande peso sobre o uso indevido dos recursos. Que a aliança design-mkt-capitalismo-engenharia precisa ser revista. Enfim, que o design precisa recuperar seu ethos inicial. Quantos cursos de design discutem o papel político do design? Quantos alunos e profissionais entendem (ou conhecem) a colocação de Stephano Marzano?
“O design é um ato político. Toda vez que desenhamos um produto estamos fazendo uma declaração sobre a direção em que o mundo irá se mover.” (S. MARZANO)
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