Grandes concursos de design sempre existiram e agora pipocam por aí mais do que nunca. Mas vale realmente a pena pasrticipar de um? Será?

Fui finalista do Movelsul ’08 no início do ano e senti muito cheiro de marmelada por lá. O concurso do Museu da Casa Brasileira que está rolando também tem uma bela fama de panelinha, mas dá nome e reconhecimento, e aí? Vale a pena a trabalheira pra participar?

Pra variar, depende.

Um dos maiores problemas é o “Efeito Pizza” que me foi ensinado pelo Daniel “Larusso” Barros de Floripa. Fazer um concurso de design, como pra nova “logomarca” da empresa, ou novo produto com tais características, e premiar o primeiro lugar é como se você ligasse para 200 pizzarias, pedisse 200 pizzas, todos trabalhassem duro, executassem seu trabalho e quando 200 motoboys entregassem seus produtos apenas um seria pago, aquele que se penseou ter a “melhor pizza”.

Em alguns concursos sinto forte cheiro disso. Por exemplo:

A FIAT não tem tradição em Sedans de luxo, nem médios. Ano passado ela, que patrocina e controla o Concurso da 4 Rodas, propos o tema “Sedan de Luxo”.

Eu que não gosto de carro comecei a rabiscar até, mas aí me liguei no que tava fazendo e deixei pra lá.

Boenas.

Agora, mais pou menos um ano depois do concurso, está sob lançamento o Linea, novo sedan médio da montadora. Hum… Sentem o cheiro de PIzza?

Daí vc pode sacar umas picaretices, como a linha que parteda roda traseira para cima do farol traseiro, me lembra muito o conceito enviado por um camarada, Rafael Fernando, que me disse que seu carro-conceito finalista havia sido inspirado em um grilo e que estes traços eram as pernas do bicho (tudo bem que o Fieta também tem esste tipo de linha, mas vale a observação).

Coincidência...

Então meu argumento é: muitas vezes as empresas fazem estes concursos para criar um brainstorm gigante e gratuito, no caso das automotivas, caçar talentos de forma abrangente e, de certa forma, rápida. Eles se abrem para idéias mas pilham todas elas onde na maioria das vezes o grande prêmio é um estágio, é ir trabalhar pra elas. E a galera ainda ovaciona. É meio vergonhoso eu acho…

Bem, neste caso meti o dedo na feriada e dei nome aos bois mesmo, meu nome ta aí quem quiser processar processa, é isso que eu acho e tenho todo direito de achar o que eu bem entender.

Voltemos ao caso geral e as Pizzas.

Concursos podem sim ser muito bons, mesmo estes casos de usura plena, mais um exemplo:

A Nó Design usou e abusou da exposição dos concursos, assim como está fazendo a Ciclus do Diego Silvério e do Helder, usando o espaço para se mostrar para o mercado e ganhar um “valor agregado” na marca do escritório, mesmo antes de fazer grandes projetos. Essa visibilidade alavancou o início da Nó e permitiu que eles conseguissem clientes maiores.

Portanto.

Eu acho que deve se pensar bem antes de abraçar um projeto para concurso, tentar sacar o grau de “cartas marcadas” do esquema todo, sacar se é uma festa da pizza, definir o perfil que vc pretende demonstrar para o mercado e o quanto este concurso poderá contribuir para sua imagem, colocar na balança e pesar, será que vale a pena?

Se no final decidir que SIm, vale a pena, pegue sua mussarela oregano e páprica e mãos a obra muchacho que ninguém tá aqui pra perder.

Ou não…

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Acredito que o Design pode ser muito mais do que escolher tamanho de fonte do corel e cor de acabamento. Acho q essa atividade é totalmente dispensável da vida humana, porém pode melhorar qualquer tipo de produto, serviço ou outra atividade quando aplicada ao processo (sério). Eu acredito no direito de falar o que eu penso, com as informações que eu tenho. Acredito no direito de estar errado e de assumir que não sei de muita coisa, mas tô disposto a compartilhar esse pouco com quem quiser visitar este periódico vez por outra. "No fundo no fundo... bem lá no fundo... se torna raso" Benedito Galdino

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